
15 de janeiro de 2021 | 13h46
A empresa privada chinesa Sinovac desenvolveu uma vacina contra o novo coronavírus chamada CoronaVac. Pesquisadores no Brasil anunciaram que a CoronaVac tem uma eficácia global de pouco mais de 50%, o limite mínimo estabelecido por muitas agências reguladoras para autorizar uma vacina contra a covid-19.
Uma vacina produzida a partir de novos coronavírus
Sinovac: como uma biotech promissora, mas com problemas de gestão, virou esperança de vacina
A CoronaVac funciona ensinando o sistema imunológico a produzir anticorpos contra o coronavírus SARS-CoV-2. Os anticorpos se conectam às proteínas virais, como as chamadas proteínas spike que se espalham por sua superfície.
Para criar a CoronaVac, os pesquisadores da Sinovac começaram obtendo amostras do novo coronavírus de pacientes na China, Grã-Bretanha, Itália, Espanha e Suíça. No fim, uma amostra da China acabou servindo como base para a vacina.
Os pesquisadores cultivaram grandes estoques do novo coronavírus em células renais de macacos. Em seguida, eles encharcaram os vírus com uma substância química chamada beta-propiolactona. O composto desativou os novos coronavírus ao se conectar com seus genes. O novo coronavírus inativado não conseguia mais se replicar. Mas suas proteínas, incluindo a spike, permaneciam intactas
Os pesquisadores então extraíram os vírus inativados e os misturaram com uma pequena quantidade de um composto à base de alumínio chamado adjuvante. Os adjuvantes estimulam o sistema imunológico a aumentar sua resposta a uma vacina.
Os vírus inativados têm sido usados há mais de um século. Jonas Salk os usou para criar sua vacina contra a poliomielite na década de 1950 e eles são a base para vacinas contra outras doenças, como raiva e hepatite A.
Como os novos coronavírus na CoronaVac estão mortos, eles podem ser injetados no braço de alguém sem causar covid-19. Uma vez dentro do corpo, alguns dos vírus inativados são tragados por um tipo de célula imunológica chamada célula apresentadora de antígeno.
A célula apresentadora de antígeno quebra o novo coronavírus e exibe alguns de seus fragmentos em sua superfície. Os chamados linfócitos T auxiliares podem detectar o fragmento. Se o fragmento se encaixa em uma de suas proteínas de superfície, o linfócito T torna-se ativado e pode ajudar a recrutar outras células imunológicas para responder à vacina.
Outro tipo de célula do sistema imunológico, chamada de linfócito B, também pode encontrar o novo coronavírus inativado. Os linfócitos B têm proteínas de superfície em uma grande variedade de formatos e algumas podem ter a forma certa para se prender ao novo coronavírus. Quando um linfócito B se fixa, ele pode extrair parte ou todo o vírus para dentro de si e apresentar fragmentos do novo coronavírus em sua superfície.
Um linfócito T auxiliar ativado contra o novo coronavírus pode se agarrar ao mesmo fragmento. Quando isso acontece, o linfócito B também é ativado. Ele prolifera e libera anticorpos que têm o mesmo formato das proteínas de superfície deles.
Uma vez vacinado com a CoronaVac, o sistema imunológico pode responder a uma infecção de novos coronavírus vivos. Os linfócitos B produzem anticorpos que se fixam aos invasores. Os anticorpos que têm como alvo a proteína spike podem impedir que o vírus entre nas células. Outros tipos de anticorpos podem bloquear o vírus por outros meios.
Embora a CoronaVac possa oferecer alguma proteção contra a covid-19, ninguém pode dizer ainda por quanto tempo essa proteção dura. É possível que o nível de anticorpos diminua ao longo dos meses. Mas o sistema imunológico também contém células especiais chamadas linfócitos B de memória, que podem reter informações sobre o novo coronavírus por anos ou até mesmo décadas.
Fontes: National Center for Biotechnology Information; Science; The Lancet; Lynda Coughlan, Escola de Medicina da Universidade de Maryland; Jenna Guthmiller, Universidade de Chicago.
TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA
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