Falta vontade política aos líderes da nações ricas para garantir a todos os infectados pelo vírus da aids um tratamento adequado. O diagnóstico é do presidente da conferência global para o combate à doença, Julio Montaner, para quem os líderes do G8 (grupo das sete nações mais ricas e a Rússia) falharam em promover o combate à doença.
Falta muito ainda para vacina contra aids, diz pesquisadora da doença
Em entrevista coletiva durante a abertura da Conferência sobre a Aids 2010, neste domingo, 18, em Viena, Montaner previu consequências desastrosas para a omissão. "Este é um déficit muito sério", disse ele. "Se nos atermos ao fato de que hoje há tratamentos que funcionam, o que nós precisamos é de vontade política para avançarmos em direção ao acesso universal."
Os comentários sublinham um dos tópicos chaves do encontro, que irá durar uma semana e promete reunir cerca de 20 mil especialistas no tema: a necessidade de criação de um impulso político para as próximas gerações.
Refletindo a natureza emotiva do debatem, manifestantes que carregavam faixas e gritavam palavras de ordem como "promessas não cumpridas matam", "mostrem-nos o dinheiro" e "tratamento para as pessoas" atrasaram a abertura do evento.
Em um vídeo endereçado aos participantes, o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, também pediu empenho na questão. "O acesso universal deve continuar como nossa meta central, (por meio do) acesso aos medicamentos, prevenção ao HIV, tratamento, cuidado e apoio", disse Ban
Entre as questões que serão discutidas pelos participantes até a próxima sexta-feira está a descriminalização dos usuários de drogas, assim como o crescimento da epidemia de aids na Europa Oriental e Ásia Central.
Negligência
Montaner também acusou os governos de alguns países do leste europeu de indiferença e classificou a abstenção de líderes desses países como "irresponsável" e "negligência criminosa".
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 33,4 milhões de pessoas em todo o mundo conviviam com o HIV em 2008. Embora o número de mortes tenha caído de 2,2 milhões em 2004 para 2 milhões em 2008, cerca de 2,7 milhões de pessoas ainda são infectadas todos os anos.