
03 de abril de 2020 | 10h00
A convocação feita pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para que cada brasileiro faça a sua própria máscara trouxe à tona muitas dúvidas sobre esse Equipamento de Proteção Individual (EPI) que agora passa a ser fabricado em casa. O Estado conversou com a médica infectologista Raquel Stucchi, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, que explicou as diferenças e as indicações de uso dos vários tipos de máscaras contra o coronavírus. A especialista também orientou quais são os pontos básicos a serem observados na confecção de uma máscara caseira, assim como as regras de uso.
Apesar de os estudos sobre a eficácia da máscara caseira serem controversos e o índice de proteção inferior ao obtido com o uso de uma máscara cirúrgica, a especialista frisa que a máscara caseira é melhor do que não usar nada. “O uso correto da máscara caseira pode proteger em até 70% da carga de vírus que uma pessoa poderia pegar se não estivesse usando nada.” No entanto, a infectologista ressalta que a máscara é uma proteção adicional e que, mais importante do que o seu uso para reduzir a disseminação do vírus, é seguir as regras de distanciamento social e da lavagem constante das mãos. A seguir, trechos da entrevista.
Há três grupos de máscaras: a N95 (máscara de proteção respiratória que tem formato de bico de pato), as cirúrgicas e as caseiras. A máscara N95 e a cirúrgica são de uso hospitalar, mas eventualmente podem ser indicadas para algumas pessoas comuns também. A máscara N95 é mais fechada. Isso impede a passagem das gotículas e das partículas suspensas no ar, quando se tosse ou espirra. Elas são usadas por profissionais da saúde. Já na máscara cirúrgica, a trama do tecido não é tão fechada. Há alguma porosidade pequena, mas ela impede a passagem do vírus por meio de gotículas. É destinada a profissionais da saúde e também a pacientes com problemas respiratórios e que tenham confirmação de diagnóstico de covid-19. E, finalmente, as máscaras caseiras, agora muito procuradas.
O primeiro ponto é que não existe fabricação suficiente de máscaras cirúrgicas para todos usarem. O segundo ponto é que com o uso da máscara caseira diminui o risco de uma pessoa assintomática transmitir o vírus e de outra pessoa contraí-lo num ambiente fechado, como no transporte público, supermercado, por exemplo. Embora os estudos sobre a eficácia da máscara caseira sejam controversos, o seu uso correto pode proteger em até 70% da carga de vírus que uma pessoa poderia pegar se não tivesse usando nada.
Preferencialmente, o material usado deve ser o tricoline, que é um tipo de tecido de algodão cuja malha é mais fechada. Outro ponto fundamental é que deve ter duas camadas do tecido para impedir que o vírus vença essa barreira.
Sim, desde que a gramatura seja maior do que 40. Também devem usadas duas camadas de TNT. Mas, no caso, o TNT não é lavável. Se essa máscara for lavada, as fibras impedem a respiração e ela deve ser descartada. A máscara caseira de tecido de algodão tem maior durabilidade.
Há vários moldes disponíveis na internet. Mas ela deve cobrir até a metade do nariz e se estender até abaixo do queixo, aderindo ao contorno do rosto.
É importante que os homens que tenham barbas longas aparem a barba para que a máscara fique mais aderente ao rosto e eles fiquem mais protegidos.
A lavagem das mãos continua obrigatória e não se deve tocar a máscara com a mão. Na hora de retirá-la, deve-se puxar o laço que prende à cabeça ou com os dedos tirar o elástico atrás da orelha. No caso da máscara de pano, quando retirada deve-se levar para lavar ou colocar num envelope de papel, caso lavagem não seja imediata. Não se deve deixar a máscara usada, suja ou contaminada exposta, em cima de uma mesa, por exemplo, ou solta dentro da bolsa e sem uma proteção.
Quando ela estiver suja ou úmida, ela deve ser trocada. Por exemplo, quando a pessoa usar a máscara continuamente o dia inteiro, o ideal é que ela tenha outra para trocar.
Lavar com água e sabão.
Pode passar, mas não é fundamental.
Não, o uso da máscara é individual.
Ela é descartável e não pode ser reutilizada. Na hora de retirar, pegar pelo elástico ou pela fitinha usada na fixação, nunca pela parte frontal.
Pode colocar no lixo comum.
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