Conjuntivite pode ser sintoma do novo coronavírus, indicam estudos

CONTEÚDO ABERTO PARA NÃO-ASSINANTES: Academia Americana de Oftalmologia chega à conclusão após três pesquisas científicas

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Por Márcia De Chiara
Atualização:

A conjuntivite é mais um sintoma apresentado pelo pacientes que apresentam casos graves do novo coronavírus, segundo a Academia Americana de Oftalmologia. A entidade fez essa indicação com base em três estudos científicos concluídos recentemente.

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“Esse sintoma é muito comum em casos de viroses nas vias aéreas superiores e isso está ocorrendo também com o novo coronavírus, mas em casos mais graves”, afirma Haroldo Vieira de Moraes Jr., professor titular de oftalmologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especialista em infecções oculares e membro da Sociedade Brasileira de Oftalmologia.

Ele ressalta que não é possível afirmar que seja um quadro específico do novo coronavírus. “Apenas é uma conjuntivite”, diz o especialista. Apesar de os estudos mostrarem que a lágrima tem uma quantidade muito pequena de vírus, Moraes recomenda que os profissionais de saúde, ao lidarem com esses pacientes, estejam bem protegidos, usando máscaras, luvas, entre outros equipamentos. Se o profissional tocar a lágrima do paciente e, sem querer, tocar a mucosa de sua boca ou nariz, por exemplo, pode se contaminar. “Mas o simples fato de olhar para um paciente com essa conjuntivite, não há risco de pegar.”

Na avaliação do diretor do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e do Pronto Socorro de Oftalmologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP,  Pedro Carricondo, com o crescimento do número de casos do novo coronavírus, em breve será possível ter dados nacionais que permitirão corroborar ou não esses dados internacionais apresentados pelo três estudos. "Esperamos que perto de 3% dos pacientes com conjuntivite entre aqueles que tiverem o novo coronavírus", prevê o especialista.

 Carricondo recomenda às pessoas que apresentarem conjuntivite neste momento que fiquem atentas ao aparecimento de sintomas respiratórios, como tosse, falta de ar e febre. "A conjuntivite é uma doença relativamente frequente na população brasileira, mas é importante lembrar que isso pode fazer parte de um quadro mais grave", alerta.

Conjuntivite é a inflamação da mucosa que protege a parte branca dos olhos. Foto: José Patricio/ Estadão

Lentes de contato

Uma recomendação importante feita pela Sociedade Americana de Oftalmologia e endossada por Moraes, UFRJ, é que, em tempos de pandemia do novo coronavírus, as pessoas que normalmente usam lentes de contato diminuam o tempo de uso e optem pelos óculos. “Hoje não se deve usar lentes por um período prolongado, só o estritamente necessário”, alerta.

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O motivo desse alerta é evitar o risco de contaminação das gotículas que por ventura carreguem o vírus e que podem grudar na lente de contato, contaminando a mucosa dos olhos. A lente acaba sendo uma porta de entrada da doença. “Neste caso, recomenda-se o uso de óculos, pois eles funcionam como uma barreira de proteção”, explica o especialista.

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