'Coronavírus está superdimensionado', diz Bolsonaro em Miami 

Em evento nos Estados Unidos, presidente minimizou caos nos mercados e “poder destruidor” de vírus. Comportamento semelhante é adotado por Trump

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Por Beatriz Bulla
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MIAMI - O presidente Jair Bolsonaro minimizou, nesta segunda-feira, 9, o dia de pânico nos mercados financeiros ao redor do mundo e disse que o coronavírus está “superdimensionado”. “Os números vêm demonstrando que o Brasil começou a se arrumar em sua economia. Obviamente, os números de hoje tem a ver, a queda drástica da Bolsa de Valores no mundo todo, tem a ver com a queda do petróleo que despencou, se eu não me engano, 30%. Tem a questão do coronavírus também que no meu entender está superdimensionado o poder destruidor desse vírus, então talvez esteja sendo potencializado até por questão econômica”, disse o presidente. 

O comentário sobre coronavírus e o derretimento dos mercados nesta segunda-feira foi feito durante discurso do presidente a apoiadores em Miami Foto: Alan Santos/PR

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também tem minimizado o coronavírus. O americano diz que a imprensa adota tom alarmista e está inflando os dados sobre o coronavírus para prejudicá-lo. Nesta segunda, Trump publicou no Twitter uma comparação de dados da letalidade da gripe comum com o covid-19 para diminuir a importância do tema.

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Segundo fontes presentes no jantar entre Trump e Bolsonaro em Mar-a-Lago, no sábado, os dois conversaram sobre a disseminação do vírus. Na conversa, segundo relatos feitos ao Estado, os dois disseram que “não há razão para pânico” e estimaram que até o final de abril haverá uma melhora na situação.

Ao redor do mundo há 105.586 casos de coronavírus confirmados em 97 países e 3.584 mortes. Nos EUA, há mais de 600 casos confirmados e na Flórida, onde Bolsonaro está, duas pessoas morreram. Até o momento, 25 casos foram confirmados no Brasil. A Organização Mundial da Saúde afirma que a ameaça de que o vírus se torne uma pandemia é muito real.

O comentário sobre coronavírus e o derretimento dos mercados nesta segunda-feira foi feito durante discurso do presidente a apoiadores em Miami. Bolsonaro não respondeu aos chamados da imprensa brasileira presente no local para falar sobre o assunto.

Os mercados mundiais registraram perdas históricas hoje sob efeito da queda de mais de 30% nos preços do petróleo, impulsionada pela decisão da Arábia Saudita de reduzir o valor da venda do barril após fracassarem as negociações entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a Rússia para cortar a produção do grupo. 

As ações de empresas negociadas na B3 perderam em cifras o maior prejuízo da Bolsa em um único dia desde o início do plano real, em 1994. A Bovespa teve de acionar o circuit breaker e a bolsa de Nova York também teve interrupção temporária nas negociações ao longo do dia.

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Reformas

Mais cedo, em um evento com empresários, Bolsonaro não tratou do tema. O presidente se limitou a dizer que o governo é leal às políticas econômicas do ministro da Economia, Paulo Guedes. Segundo o presidente, o governo irá apresentar “com toda a certeza” as reformas administrativa e tributária ao Congresso neste mês - a apresentação das duas tem sido postergada pelo governo.

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