Covid: 15 das 22 regiões do Estado de SP têm transmissão acelerada do vírus

Governo Doria anunciou medidas restritivas um dia após eleições; ABC já prevê até mais restrições que o Estado

PUBLICIDADE

Por Felipe Resk
Atualização:

SÃO PAULO - Apesar de o governo João Doria (PSDB) só ter endurecido as medidas restritivas contra o novo coronavírus nesta segunda-feira, 30, um dia após as eleições municipais, monitoramento da pandemia mostra que casos e hospitalizações pela covid crescem desde o início do mês em diferentes regiões de São Paulo. Mais recentemente, o interior do Estado também tem vivido nova alta da doença.

Segundo o SP Covid-19 Info Tracker, plataforma desenvolvida por cientistas da USP e da Unesp para fazer projeções e monitorar a pandemia em tempo real, pelo menos 15 de 22 regiões do Estado apresentam taxa de transmissão (Rt) acima de 1,0. Na prática, isso significa que o vírus está com propagação acelerada.

Bares e restaurantes tiveramde reduzir capacidade para 40%. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

PUBLICIDADE

A piora significativa de indicadores – entre eles, novos diagnósticos, casos suspeitos e internações – já era percebida na Grande São Paulo e na Baixada Santista no início de novembro, segundo os pesquisadores. Pela ferramenta, porém, Campinas, Sorocaba e Taubaté passaram a fazer parte do grupo com a situação mais delicada, após os casos ativos da doença subirem mais de 50% em comparação ao início do mês.

“O novo aumento deixou de ser exclusividade de Grande São Paulo e Baixada, passou a respingar nas cidades adjacentes e começa a ganhar forma no interior na última semana”, diz Wallace Casaca, professor da Unesp e coordenador da ferramenta. “Pelas métricas, é possível dizer que a segunda onda já está caracterizada.”

Nessas regiões, o nível de transmissão também estaria descontrolado, bem acima do limiar de 1, apontam as projeções. Em Campinas, o Rt é de 1,74. Já em Sorocaba e Taubaté estaria ainda pior – de 1,77 e 1,80. Dados do governo do Estado mostram, ainda, que a ocupação de leitos de UTI subiu para 44,5%, em Campinas, e 63%, em Sorocaba, cidade que já registra hospitais lotados. Em Taubaté, o indicador está em 40%. De forma geral, o Estado apresenta menos da metade das vagas intensivas disponíveis (48%).

Ribeirão Preto (Rt 1,96), São José do Rio Preto (1,91) e Presidente Prudente (1,87) também devem ligar o alerta. Na capital a taxa está em 1,53. “Se continuar assim, a população terá um dezembro muito duro”, diz Casaca. “Como o vírus se dissemina muito rápido, a situação de uma cidade pode estar ok hoje e amanhã, não.”

Após aumento de 12% nas mortes e 7% nas internações, Doria anunciou nesta segunda que todo o Estado vai regredir para a fase amarela do plano estadual de combate ao coronavírus.  Com o recuo do governo, comércios, bares, restaurantes, academias e eventos culturais devem diminuir a capacidade de público para, no máximo, 40%. O funcionamento também fica restrito a 10 horas por dia, com os serviços encerrando às 22 horas. A análise de dados também passará a ser feita a cada sete dias, e não mais em cada 28 dias. 

Publicidade

Embora a medida tenha sido tomada para São Paulo inteira, dados do SP Covid-19 Info Tracker indicam que há regiões com taxa de transmissão considerada sob controle – ou seja, com Rt abaixo de 1,0. Elas são Marília (0,73), Barretos (0,65), São João da Boa Vista (0,58), Franca (0,58) e Araçatuba (0,43).

O avanço da transmissão no interior, sobretudo em 62 cidades, deve ser o foco de reunião hoje entre o governador João Doria (PSDB) e os prefeitos. Segundo o secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, o governo vai sugerir às cidades em situação mais crítica a reforçar a fiscalização do uso de máscara e contra aglomerações, além de apresentar campanhas de conscientização. A gestão Doria, porém, não deve orientar os prefeitos a adotar medidas mais restritivas do que as previstas pelo Estado. Para ele, a situação mais aguda é no ABC e da Baixada Santista. No interior, a região de Sorocaba também preocupa. 

ABC vai tomar medidas mais restritivas que o Estado

O consórcio intermunicipal Grande ABC, que reúne sete cidades no entorno da capital, já informou que adotará medidas até mais restritivas dos que as previstas pelo governo estadual. Teatros e cinemas, por exemplo, serão fechados na região, com exceção de Santo André. 

PUBLICIDADE

Os prefeitos de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra se reuniram ontem para analisar a decisão do governo, de passar todo o Estado para a fase 3 (amarela). Ficou prevista também a proibição de eventos de jogos eletrônicos, boliches e serviços de valet nesses municípios. As medidas entram em vigor amanhã.

Além disso, as cidades pretendem restringir piscinas e vestiários de clubes esportivos, além do veto à prática de esportes coletivos nesses locais. Representantes também entrarão em contato com as igrejas para avaliar medidas para esse setor. 

“Há preocupação muito grande com a segunda onda e pelo risco de ela ter uma intensidade maior que a primeira. Por isso, estamos prevendo restrições até maiores”, disse o prefeito de Rio Grande da Serra e presidente do consórcio, Gabriel Maranhão (Cidadania).

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.