Covid-19 faz maternidades criarem pré-natal online e transmissão de parto

Principais consultas ainda são presenciais, mas acompanhamento e esclarecimento de dúvidas são realizados a distância em hospitais particulares para reduzir o risco de infecção

PUBLICIDADE

Foto do author Fabiana Cambricoli
Por Fabiana Cambricoli e Paula Felix
Atualização:

Os corredores, sala de espera e quartos de uma maternidade costumavam ser locais de encontros e abraços. Com a pandemia do novo coronavírus, essas cenas ficaram no passado e protocolos de distanciamento e restrição de visitas foram implementados.Visita virtual, pré-natal online e transmissão do parto foram algumas das medidas tecnológicas adotadas pelas maternidades. Algumas também estão testando gestantes e acompanhantes e criando alas exclusivas para pacientes com coronavírus.

Grávida do segundo filho, Yasmin Vaz, de 28 anos, está fazendo o pré-natal online por causa da pandemia Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

PUBLICIDADE

“Resolvemos fazer releituras, porque não íamos permitir que esse momento da pandemia fosse vivido sem uma solução para os pacientes e famílias. É um momento de imensa alegria e trabalhamos para trazer acolhimento e humanização”, diz Rodrigo Buzzini, diretor médico do Grupo Santa Joana.

Se antes as gestantes visitavam a maternidade para conhecer as instalações e tirar dúvidas, agora esse processo é virtual. Embora as principais consultas do pré-natal tenham sido mantidas na modalidade presencial, também é possível fazer parte do seguimento online.

“Nossa plataforma de telemedicina não substitui a consulta presencial, mas permite ter contato com a paciente. Na consulta online, consigo saber quem é ela, fatores de risco, quais exames deve fazer e trazer. É um cuidado quase artesanal.” Grávida de seis meses de Henri, seu segundo filho, a publicitária Yasmin Vaz, de 28 anos, está fazendo o pré-natal online e aprovou a opção. “O momento não é o melhor do mundo e a gente estava muito preocupado por não ter o acompanhamento. As consultas presenciais são inevitáveis, mas vou fazer as virtuais quando for possível. Foi muito prático e o médico foi muito atencioso”, conta ela.

A servidora pública Erica Ticiani Santana da Silva, de 39 anos, diz que a filha, Malu, nasceu “no olho do furacão” no dia 1º de junho. A pandemia mudou todos os seus planos. “Tinha me planejado para fazer uma visita presencial à maternidade, mas, por causa da pandemia, os hospitais fecharam o serviço. Fiz a virtual e foi ótimo. Depois, ainda liguei na central para tirar outras dúvidas. Foi criado um grupo de gestantes, a gente recebia informações sobre lives e conteúdos para as mães”, diz.

Embora as evidências científicas não sejam definitivas, gestantes são do grupo de risco para complicações da covid, segundo o Ministério da Saúde.

Apoio

Publicidade

Como as grávidas não podem participar de rodas de conversa ou se encontrar para atividades, a maternidade fez a ponte por grupos online. “Uma paciente que ganha bebê pode postar a foto dele. É uma construção positiva para que tenham a sensação de mais calor humano e proximidade. Nossas enfermeiras participam das interações técnicas”, diz Buzzini.

“Tenho certeza de que a Malu veio para chegar em um mundo melhor. Apesar de toda essa loucura, tem de tirar um lado positivo de tudo. Continuo no grupo, porque quero mais informações, saber o que as outras mães fizeram”, afirma Erica.  Desde março, visitas à unidade Itaim do Hospital e Maternidade São Luiz só podem ser virtuais e um recurso existente há dez anos, o Baby Web – tipo de live do parto –, foi resgatado e tem ajudado avós, tios e outros parentes a verem os primeiros momentos de vida do bebê. 

“Tivemos de restringir a visita dos avós, que movem mundos e fundos para estar lá. A gente revisitou o Baby Web, que não permite falar, mas tem um chat e os pais podem ver mensagens depois. Não tem limite de pessoas, o limite é para quem a família entrega a senha. É discreto, não mostra a saída do bebê, mas quando faz o pele a pele. Temos câmeras em todas as salas de parto”, diz Marcia Costa, diretora médica da unidade. Em fevereiro, 16% dos partos aderiram à ferramenta. O número passou para 20% em março e chegou a 30% em junho.

Cursos para pais também foram para o online. Em vídeo de 40 minutos, são tiradas dúvidas sobre trabalho de parto, amamentação e técnicas de banho.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.