Criança que parecia curada tem sinal de HIV

Trata-se de um retrocesso na luta contra aids usando coquetéis de medicamentos

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Por Redação
Atualização:

Uma criança do Mississipi que se acreditava ter sido curada da aids, depois de um tratamento agressivo de medicamentos, voltou a mostrar sinais do vírus HIV, conforme informaram nesta quinta-feira, 10, autoridades de Saúde dos Estados Unidos. O caso é considerado um retrocesso na luta contra a doença. 

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A criança, que ficou conhecida como “bebê do Mississipi”, passou por um tratamento com uma série de medicamentos. Nascido prematuro de uma mãe infectada com HIV, foi dado ao bebê um coquetel com três drogas antirretrovirais após 30 horas do nascimento. A criança continuou sendo medicada com os antirretrovirais durante 18 meses, até que a mãe parou com os remédios e a levou para os médicos. 

Cinco meses depois, doutores reexaminaram a criança e descobriram que, apesar de o tratamento ter sido descontinuado, não havia níveis detectáveis de HIV nem anticorpos específicos em seu sangue. Detalhes do caso foram publicados na revista científica New England Journal of Medicine

A criança permaneceu sem sinais do HIV, mesmo sem uso dos remédios, por dois anos. Entretanto, durante uma abordagem de rotina neste mês, médicos detectaram o vírus no sangue da paciente outra vez, assim como a diminuição de células imunitárias. Depois de fazer o sequenciamento do vírus, os médicos descobriram que esses eram idênticos aos que haviam infectado a mãe da criança, o que confirmou que o bebê realmente teve HIV ao nascer. 

“Havia dúvida se o bebê tinha sido infectado”, disse o médico Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infeccionas. “O bebê claramente estava infectado.”

Implicações. O caso, único documentado, levanta muitas questões sobre o conhecimento do vírus pelos cientistas e pode suscitar questões éticas potenciais a respeito de um ensaio clínico próximo. Trata-se de estudo destinado a determinar se as crianças nascidas de mães infectadas pelo HIV podem interromper com segurança o tratamento medicamentoso quando não mostram nenhum sinal de infecção.

Durante uma conferência do Instituto Nacional de Saúde, a pediatra Hannah B. Gay, do Centro Médico da Universidade do Mississipi, em Jackson, que foi a primeira a conduzir o tratamento da criança, afirmou que os sinais foram “como um soco no estômago”. “Foi extremamente decepcionante, não só do ponto de vista científico, já que nós estávamos muito esperançosos de que isto levaria a coisas maiores e melhores, mas principalmente por causa da criança, que agora retomará os medicamentos e por muito tempo.”

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