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Crise em demais setores eleva participação no PIB da saúde

Despesas com consumo de bens e serviços de saúde passaram de 8,3% do PIB em 2008 para 8,8% em 2009

Por Daniela Amorim (Broadcast) e Luciana Nunes Leal
Atualização:

 A participação do setor de saúde no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teve aumento na passagem de 2008 para 2009. As despesas com consumo de bens e serviços de saúde passaram de 8,3% do PIB em 2008 para 8,8% em 2009, quando atingiram R$ 283,6 bilhões, segundo uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, o ganho de participação da atividade foi consequência da crise econômica internacional, que prejudicou o desempenho dos demais setores da economia, fazendo recuar o PIB nacional no período (0,3%). Em 2008, a despesa com saúde tinha sido de R$ 251,2 bilhões. "Por ser um serviço essencial, o gasto com a saúde é menos sensível a essas oscilações da economia", disse Ricardo Montes Moraes, gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE. "Mas não aconteceu só aqui. Em outros países, a participação da saúde também aumentou, muito por conta de que todos os outros setores registraram desaceleração em ano de crise". O cálculo inclui os gastos das famílias, governo e instituições sem fins lucrativos. De acordo com o estudo Conta-Satélite de Saúde 2007-2009, um detalhamento das contas nacionais, a administração pública aumentou os gastos com saúde no período, passando de 3,5% do PIB (R$ 107,40 bilhões) em 2008 para 3,8% do PIB (R$ 123,55 bilhões) em 2009. "O aumento da participação da saúde no PIB aconteceu principalmente por causa do aumento do consumo da administração pública", notou Moraes. Porém, as despesas do governo permaneceram em patamar bastante inferior ao das despesas das famílias, que considera todos os gastos privados com saúde. O gasto desse grupo saiu de 4,7% do PIB (R$ 141,18 bilhões) em 2008 para 4,8% do PIB (R$ 157,10 bilhões) em 2009. Ou seja, a despesa da população com saúde em 2009 foi 27% maior que a do setor público. O terceiro grupo que integra a pesquisa, instituições sem fins lucrativos de serviços a famílias - como ONGs, igrejas e sindicatos -, manteve a fatia de 0,1% do PIB, mesmo tendo passado de R$ 2,58 bilhões em 2008 para R$ 2,91 bilhões em 2009. Na conta da administração pública figuram desde os serviços de saúde produzidos e fornecidos pelo próprio governo até os bens e serviços do setor privado comprados através do Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo. "É tudo o que o governo gasta com saúde", completou o pesquisador do IBGE. No caso das despesas das famílias, a maior fatia foi despendida com outros serviços relacionados com atenção à saúde, um montante correspondente a 1,8% do PIB (R$ 57,07 bilhões) de 2009, que inclui consultas e exames. O segundo maior custo foi o de medicamentos para uso humano, o equivalente a 1,7% do PIB (R$ 56,17 bilhões) no ano, seguido por serviços de atendimento hospitalar, 0,8% do PIB (R$ 24,75 bilhões). Na administração pública, a maior fatia entre as despesas é a do grupo saúde pública, que corresponde a 3,2% do PIB (R$ 102,26 bilhões).  Os serviços de atendimento hospitalar figuram em segundo lugar entre os maiores gastos, com 0,4% do PIB (R$ 13,32 bilhões) de 2009.

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