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Cristal de carbono com 1 átomo de espessura leva o Nobel de Física

Dupla de ganhadores é russa, mas trabalha na Inglaterra; um deles já havia ganhado o IgNobel

Por Carlos Orsi
Atualização:

O Prêmio Nobel de Física de 2010 foi concedido a Andre Geim e Konstantin Novoselov, por terem sido os primeiros cientistas a identificar, isolar e caracterizar o primeiro cristal bidimensional já descoberto, o grafeno, composto por uma única camada de átomos de carbono.

 

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O trabalho de Novoselov e Geim, com a descrição detalhada do grafeno, foi publicado na revista Science em 2004, o que faz do prêmio deste ano um dos reconhecimentos mais rápidos na história do Nobel.

 

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O ganhador do prêmio de Medicina anunciado ontem, Robert Edwards, criador da inseminação artificial, teve de esperar 30 anos pelo reconhecimento.

 

Novoselov é um dos ganhadores mais jovens da história do Nobel de Física, com 36 anos, enquanto Geim tem 51. Ambos os ganhadores são russos de nascimento. Geim tem nacionalidade holandesa e Novoselov tem dupla cidadania, russa e britânica. Ambos iniciaram suas carreiras na Rússia.

 

 Durante o anúncio do prêmio, os representantes do comitê Nobel de Física mencionaram várias promessas tecnológicas ligadas ao grafeno, um material que se parece com uma tela de arame, mas com um único átomo de espessura.

 

Entre os possíveis usos mencionados estão a aplicação no sequenciamento de DNA, na criação de novos tipos de célula de energia solar, na detecção de moléculas, na criação de aparelhos eletrônicos dobráveis e flexíveis.

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O grafeno é um bom condutor de eletricidade e também é transparente, o que faz dele um forte candidato para o uso em tecnologia eletrônica, por exemplo em telas sensíveis ao toque.

 

"Este é um prêmio bem merecido", disse Phillip F. Schewe, porta-voz do instituto de Física dos Estados Unidos.

 

"Grafeno é o material mais delgado do mundo, é um dos mais fortes, talvez seja o mais forte, do mundo. É um excelente condutor. Elétrons se movem por ele muito depressa, o que é uma coisa desejável em circuitos", disse Schewe.

 

Ele declarou que o grafeno pode ser um bom material para a produção de circuitos integrados, pequenos chips com milhões de transistores que são a espinha dorsal das telecomunicações.

 

O físico Paolo Radaelli, da Universidade de Oxford, lembrou a grande simplicidade da técnica usada por Geim and Novoselov, que se valeram de fita adesiva para isolar camadas de grafeno de uma massa de grafite. "Nesta era de complexidade, com máquinas como o supercolisor, eles conseguiram um Nobel usando fita Scotch", destacou.

 

Geim já havia ganho um IgNobel, há dez anos, por usar campos magnéticos para levitar um sapo.

"Acho que sou o primeiro a receber os dois", declarou Geim, com orgulho, via teleconferência, ao ser contatado pelo comitê.

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O blog da revista Improbable Research, que patrocina os prêmios IgNobel, confirmou, mais tarde, que Geim realmente é o primeiro pesquisador a acumular ambas as honrarias.

 

No ano passado, seu trabalho com grafeno já lhe havia rendido um importante prêmio científico europeu.

 

"Meu plano para hoje é voltar ao trabalho e terminar um artigo em que venho trabalhando. Não quero ser um cientista que para tudo depois de receber o Nobel".

 

Geim elogiou o IgNobel por "estimular o senso de humor na comunidade científica". Ele disse que o grafeno e outros cristais bidimensionais deverão mudar o mundo da mesma forma que os plásticos mudaram, nos últimos 50 anos.

 

O Nobel de Medicina ou Fisiologia foi o primeiro dos prêmios de 2010 a ser anunciado, na segunda-feira. Na quarta será apresentado o Nobel de Química; Literatura sai na quinta; Paz, na sexta e Economia, na segunda-feira, 11 de outubro.

 

Os prêmios foram criados pelo inventor e empresário sueco Alfred Nobel e entregues pela primeira vez em 1901, cinco anos após sua morte. Cada prêmio inclui cerca de 10 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 1,5 milhão) um diploma e uma medalha de ouro.

 

(com Associated Press)

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