Exímios digitadores são capazes de percorrer o teclado em alta velocidade sem sequer pensar sobre qual dedo está indo aonde. Uma nova pesquisa da Universidade Vanderbilt revela que essa perícia é controlada por um piloto automático capaz de detectar erros que escapam da mente consciente. A pesquisa aparece na edição desta semana da revista Science.
"Todos nós fazemos algumas coisas em piloto automático, de andar a executar tarefas rotineiras como preparar café ou digitar. O que não sabemos, como cientistas, é como as pessoas controlam o piloto automático", disse o principal autor do trabalho, o psicólogo Gordon Logan. "A coisa notável que descobrimos é que esses processos são dissociados. As mãos sabem quando a mão fez um erro, mesmo quando a mente não percebe".
Para determinar a relação entre o piloto automático e o cérebro consciente, e o papel de cada um na detecção de erros, Logan e o coautor Matthew Crump criaram uma série de experimentos para quebrar a conexão entre o que vemos na tela e o que os dedos sentem ao digitar.
No primeiro teste, Logan e Crump pediram a digitadores que escrevessem as palavras que apareciam numa tela, e então informassem se erros tinham sido cometidos. Usando um programa especial de computador, os pesquisadores ou incluíam erros aleatórios que o usuário não havia cometido ou corrigiam os erros dos usuários.
A velocidade de digitação foi medida, para controlar a desaceleração que ocorre quando um digitador bate na tecla errada. Em seguida, pediram aos digitadores que avaliassem o resultado final do trabalho.
Em geral, os digitadores assumiram como seus os erros inseridos pelo computador, mas também reivindicaram o crédito pelos erros que o computador corrigia. Suas mentes tinham sido iludidas pelo programa. Mas suas mãos, não: a velocidade de digitação caía quando um erro originado no digitador era cometido, mas não diminuía quando um erro espúrio era inserido pela máquina.
Dois experimentos adicionais foram realizados, confirmado o resultado original.
"Isso indica que a detecção dos erros pode ocorrer numa base voluntária e involuntária", disse Crump.
"Uma característica importante de nossa pesquisa é mostrar que as pessoas podem compensar erros mesmo quando não têm consciência deles".