Dengue: saiba diferenciar sintomas da covid, tratamento e como prevenir

Nos quatro primeiros meses de 2022, o País registrou praticamente o mesmo patamar de casos contabilizados em todo o ano passado

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Por Renata Okumura
Atualização:

Diante do aumento de casos da dengue em todo o Brasil, as buscas de internautas no Google também voltaram a crescer. Nos quatro primeiros meses de 2022, o País registrou praticamente o mesmo patamar de casos contabilizados em todo o ano passado. De janeiro a 23 de abril, foram 542 mil registros da doença, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados na segunda-feira, 2. Em 2021, o Brasil teve 544 mil notificações. Com isso, muitas pessoas procuram informações sobre como se proteger e também se tratar, em caso de contrair a doença.

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Segundo análise de dados do Google Trends, obtida pelo Estadão, em abril de 2022 as consultas mais que dobraram na comparação com o mesmo mês do ano passado, com alta acima de 120%.  Em alguns Estados, a doença já registra mais buscas que a covid-19. Nos últimos 30 dias, Piauí e Goiás, por exemplo, buscaram mais por dengue do que pelo coronavírus.

Dengue foi ainda a doença que mais cresceu entre as buscas de saúde do Google nos últimos 90 dias (salto de mais de 200%). "Como tratar dengue" ficou entre as 10 perguntas mais pesquisadas dentro da vertical de saúde do Google nos últimos 30 dias. Como dengue e covid são causadas por vírus e têm sintomas parecidos, em caso de febre, dores no corpo e de cabeça, a pessoa precisa buscar atendimento médico para obter diagnóstico preciso e realizar tratamento correto, pois ambas as doenças são consideradas graves.

O mosquito 'Aedes aegypti' é transmissor do zika, da dengue e da chikungunya Foto: Sérgio Castro/Estadão

Confira respostas para algumas das perguntas mais buscadas sobre dengue:

O que é dengue?

A dengue é uma doença infecciosa febril aguda causada por um vírus pertence à família Flaviviridae, do gênero Flavivírus. O vírus da dengue apresenta quatro sorotipos, em geral, denominados DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Também são classificados como arbovírus, ou seja, são normalmente transmitidos por mosquitos. 

Como a dengue é transmitida?

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No Brasil, os vírus da dengue são transmitidos pela fêmea do mosquito Aedes aegypti (quando infectada pelos vírus) e podem causar tanto a manifestação clássica da doença quanto a forma considerada hemorrágica, conforme a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A dengue é a arbovirose urbana mais prevalente nas Américas, principalmente no Brasil. 

Segundo o Ministério da Saúde, o período do ano com maior transmissão ocorre nos meses mais chuvosos de cada região, geralmente de novembro a maio. O acúmulo de água parada contribui para a proliferação do mosquito e, consequentemente, maior disseminação da doença. 

Que remédios é possível tomar contra a dengue?

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Toda medicação deve ser tomada só após a indicação de um médico. Mas é importante reforçar que alguns remédios são contraindicados em caso de suspeita da doença, entre eles, Ácido acetilsalicílico (aspirina) e Prednisolona, pois podem agravar o quadro clínico em caso de confirmação da dengue.

Como é o mosquito da dengue?

Apesar de ser muito parecido com o pernilongo, o mosquito da dengue tem algumas características que servem para diferenciá-lo. Além das listras brancas e pretas, ele é silencioso e costuma picar durante o dia. Igualmente considerada vetor da febre amarela urbana, a fêmea do mosquito Aedes aegypti é a principal transmissora da dengue no Brasil. 

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Conforme a Fiocruz, o Aedes tem se caracterizado como um inseto de comportamento estritamente urbano, sendo raro encontrar amostras de seus ovos ou larvas em reservatórios de água nas matas. "Devido à presença do vetor no ciclo de transmissão da doença, qualquer epidemia de dengue está diretamente relacionada à concentração da densidade do mosquito, ou seja, quanto mais insetos, maior a probabilidade delas ocorrerem. Por isso, é importante conhecer os hábitos do mosquito, a fim de combatê-lo como forma de prevenção da doença", diz a entidade.

Quais são os sintomas da dengue?

A doença pode ser assintomática ou pode evoluir até quadros mais graves, como hemorragia e choque. Na dengue clássica, a primeira manifestação é febre alta (39° a 40°C) e de início abrupto, usualmente seguida de dor de cabeça ou nos olhos, cansaço ou dores musculares e ósseas, falta de apetite, náuseas, tontura, vômitos e erupções na pele (semelhantes à rubéola). A doença tem duração de cinco a sete dias (máximo de 10), mas o período de convalescença pode ser acompanhado de grande debilidade física, e prolongar-se por várias semanas.

Os principais sintomas:

  • Febre alta acima de 39°
  • Dor no corpo e articulações
  • Dor atrás dos olhos
  • Mal estar
  • Falta de apetite
  • Dor de cabeça
  • Manchas vermelhas no corpo
  • Aumento progressivo do hematócrito (medida da proporção de hemácias no sangue)

O que é dengue hemorrágica?

No que se refere à forma mais grave da enfermidade, conhecida como febre hemorrágica da dengue, os sintomas iniciais são semelhantes, porém há um agravamento do quadro no terceiro ou quarto dia de evolução, com aparecimento de manifestações hemorrágicas e colapso circulatório. 

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"Nos casos graves, o choque geralmente ocorre entre o terceiro e o sétimo dia de doença, geralmente precedido por dor abdominal. O choque é decorrente do aumento de permeabilidade vascular, seguida de hemoconcentração e falência circulatória. Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade", alerta a Fiocruz. 

Grávidas, crianças e idosos têm mais riscos de desenvolver complicações pela doença. Os riscos aumentam quando o indivíduo tem alguma doença crônica, como asma brônquica, diabetes mellitus, anemia falciforme, hipertensão, além de infecções prévias por outros sorotipos da dengue, de acordo com o Ministério da Saúde.

Quais são os sinais de alerta?

  • Dor abdominal intensa e contínua
  • Vômitos persistentes
  • Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico)
  • Hipotensão postural e/ou lipotímia (perda de sentidos)
  • Letargia e/ou irritabilidade
  • Sangramento de mucosas

Como diferenciar a dengue da covid-19?

A dengue é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, enquanto a transmissão pela covid acontece por meio de partículas que se espalham pelo ar, secreções de pessoas infectadas ou superfícies contaminadas.

Sintomas comuns entre as doenças: febre, dores no corpo e de cabeça, cansaço e mal-estar.

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No entanto, tosse, dor no peito, falta de ar - principalmente - e alteração do olfato, por exemplo, são sintomas apenas da covid-19. Já no caso da dengue a diferença é que a pessoa pode apresentar manchas na pele e problemas gastrointestinais.

"Os sintomas respiratórios não estão presentes na dengue, somente na covid-19. Além disso, a dengue grave é completamente diferente da covid grave, pois na dengue grave acontece o choque hipovolêmico, quando a pessoa tem quedas de plaquetas, queda brusca de pressão e alteração na coagulação e nas plaquetas, por isso sangramento. No caso da covid grave, temos a  insuficiência respiratória devido a uma pneumonia viral, o que não existe na dengue grave", explica Alexandre Naime Barbosa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e médico infectologista da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Entretanto, independentemente dos sintomas, é importante procurar atendimento médico para que através de consulta e realização de exames o profissional possa fazer o diagnóstico preciso da doença.

Posso pegar dengue mais de uma vez?

Quando uma pessoa é infectada por um dos quatro sorotipos, torna-se imune a todos os tipos de vírus durante alguns meses e posteriormente mantém-se imune, pelo resto da vida, ao tipo pelo qual foi infectada. 

Caso volte a ter dengue, dessa vez, um dos outros três tipos do vírus que ainda não contraiu, poderá apresentar ou não uma forma mais grave. A maioria dos casos de dengue hemorrágica ocorre em pessoas anteriormente infectadas por um dos quatro tipos de vírus. 

Como tratar a dengue?

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Até o momento, não há remédio eficaz contra o vírus da dengue. O tratamento é realizado a base de analgésicos e antitérmicos e pode ser feito no domicílio, com orientação para retorno ao serviço de saúde. Deve ser mantido o repouso.

Durante a recuperação, é indicado se manter bem hidratado com maior ingestão de água, sucos, chás e soros caseiros. Não devem ser usados medicamentos com ou derivados do ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios derivados (como a dipirona), por aumentar o risco de hemorragias. 

Já o tratamento da dengue hemorrágica é realizado a partir de internação hospitalar do paciente, segundo a Fiocruz.

Depois que o mosquito da dengue pica, quanto tempo aparecem sintomas?

Geralmente, os sintomas da dengue surgem a partir do terceiro dia depois da picada do inseto, com uma média de cinco a seis dias. 

Como o mosquito da dengue se contamina?

O mosquito fêmea se torna infectado quando suga o sangue de alguém doente, no curto período em que esta pessoa tem várias partículas do vírus circulando em seu sangue. Neste momento, o mosquito terá o vírus em seu estômago, mas ainda não é capaz de transmiti-lo. 

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"Entre 10 e 12 dias depois, as partículas do vírus dengue se disseminam pelo organismo, multiplicam-se e invadem suas glândulas salivares: neste momento, o mosquito fêmea se torna infectivo e, somente a partir daí, poderá transmitir o vírus a outra pessoa", acrescenta a Fiocruz.

Como evitar a dengue?

A prevenção pode ser feito de duas formas. Uma delas é pela redução ou controle de infestação pelo mosquito, medida que tem sido promovida e realizada nos últimos anos pelo Ministério da Saúde. A outra seria a utilização de uma vacina eficaz. No entanto, ainda não está disponível para aplicação em larga escala uma vacina tetravalente, ou seja, que imuniza a população contra os quatro tipos de vírus dengue.

Na rede particular, só está disponível a vacina Dengvaxia, fabricada pelo laboratório francês Sanofi Pasteur. Apesar de proteger contra os quatro sorotipos da dengue e prevenir contra casos grave da doença, a Dengvaxia não é indicada para pessoas que nunca entraram em contato com o vírus da dengue.

"Foi demonstrado uma elevação de risco para complicações da própria doença se vacinar os indivíduos nunca expostos à dengue", afirma Renato Kfouri, médico pediatra e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Desta forma, o recomentado é que seja reduzida a infestação de mosquitos por meio da eliminação de criadouros e que se mantenham os reservatórios e qualquer local que possa acumular água totalmente cobertos.

Medidas de proteção individual para evitar picadas de mosquitos devem ser adotadas por viajantes e residentes em áreas de transmissão, com uso de uso de calças, camisas de mangas compridas e repelentes à base de DEET (N-N-dietilmetatoluamida), IR3535 ou de Icaridina nas partes expostas do corpo.

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Segundo o Governo do Estado de São Paulo, para evitar a proliferação do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya é preciso fazer uma varredura na residência.

Quais as melhores maneiras de evitar a proliferação do mosquito?

  • Encha os pratos dos vasos de plantas com areia até a borda
  • Troque a água e lave o vaso das plantas aquáticas com escova, água e sabão pelo menos uma vez por semana
  • Troque a água dos animais de estimação e lave as vasilhas constantemente
  • Coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha a lixeira sempre fechada
  • Caixas d’água também devem permanecer fechadas e todos os objetos que acumulam água, como embalagens usadas, devem ser jogados no lixo
  • Folhas e tudo o que possa impedir a água de correr pelas calhas também precisam ser removidos
  • Garrafas e recipientes que acumulam água devem ser sempre virados para baixo

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