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Depois de anunciar reabertura, SP bate recorde e registra 6.382 novos casos de coronavírus em 24h

O pico anterior, de 4.092 casos novos em um dia, havia sido alcançado há duas semanas, no dia 15 de maio

Por Mariana Hallal
Atualização:

O Estado de São Paulo bateu um novo recorde e registrou 6.382 novos casos de covid-19 em 24 horas nesta quinta-feira, 28. O pico anterior, de 4.092 casos novos em um dia, havia sido alcançado há duas semanas, no dia 15 de maio. Com o aumento, o Estado tem 95.865 pessoas infectadas pelo novo coronavírus. O número de mortes subiu para 6.980, com 268 óbitos a mais que no dia anterior..

O alto índice foi registrado um dia depois de o governador João Doria anunciar a reabertura de alguns setores da economia em determinadas regiões do Estado, incluindo a capital.

Barreira sanitária em Sorocaba, no interior do Estado Foto: Divulgação/Prefeitura de Sorocaba

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A taxa de ocupação dos leitos de UTI reservados para atendimento à covid-19 é de 77,4% no Estado, contra 73,3% no dia anterior. Na Grande São Paulo, o índice está em 89,2% — um dia antes, era de 86,7%. Atualmente, há 12,5 mil pacientes internados em hospitais de São Paulo, sendo 4.701 em UTI e 7.805 em enfermaria.

Entre as vítimas fatais estão 4.091 homens e 2.889 mulheres. Os óbitos se concentram em pacientes com 60 anos ou mais, que totalizam 72,8% das mortes. Os principais fatores de risco associados à mortalidade são cardiopatia (58,7% dos óbitos), diabetes mellitus (43%), doença neurológica (11,2%), doença renal (10,4%) e pneumopatia (9,4%).

Em entrevista à Rádio Eldorado nesta quinta-feira, 28, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que o Estado aplicará medidas mais duras de distanciamento social, incluindo lockdown, caso não haja “comportamento adequado” da população durante a reabertura gradual a partir da próxima segunda-feira, 1.º de junho.

As regiões paulistas serão enquadradas em diferentes escalas, de acordo com a resposta à pandemia do novo coronavírus. A definição do estágio de cada região do Estado causou muita polêmica entre os prefeitos — sobretudo pela cidade de São Paulo ter ficado na fase dois, a laranja, que permite a reabertura de atividades imobiliárias, concessionárias, escritórios, comércios e shoppings centers. 

Diferentemente do Estado de São Paulo, que anunciou retomada de atividades econômicas apenas 15 dias após registrar recorde de novos casos de coronavírus, os países mais afetados pela pandemia esperaram ao menos um mês depois do pico para iniciar a reabertura.

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Levantamento feito pelo Estadão com base em dados da Universidade Johns Hopkins mostra que, nos cinco países com mais vítimas pela doença (Estados Unidos, Reino Unido, Itália, França e Espanha), os governos esperaram (ou vão esperar), em média, 44 dias para autorizar um relaxamento da quarentena.

Segundo especialistas, ainda não é possível saber se já atingimos o pico das infecções. “É precoce falar em reabertura com a curva subindo de maneira exponencial. Não há indício de que vá diminuir. Está muito inclinada ainda. A ocupação dos leitos também é grande”, destaca a bióloga Natália Pasternak, criadora do Instituto Questão de Ciência (IQS).

Para ela, o governo de São Paulo deveria obedecer os critérios de flexibilização da Organização Mundial da Saúde, que é baseada no número de transmissão e também na oferta de leitos. “A Alemanha esperou o Rt (índice de transmissão) chegar em menos do que 1 para começar a flexibilização. Ainda assim viu aumento dos casos e precisou repensar”, disse. “No Brasil tem o agravante da subnotificação. A falta de testes preocupa.”

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