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Diagnóstico precoce é chave para a longevidade

Exames e consultas de diversas especialidades vêm sendo negligenciados na pandemia, o que causa preocupação para os médicos

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Por Luiza Pollo
4 min de leitura
Check up: Nem sempre alguns tratamentos ou exames de rotina, como ligados aos cânceres ou a problemas cardiovasculares, podem aguardar Foto: GEBER86/Getty Images

Questionamentos comuns vêm atormentando a mente dos pacientes: “Será que vale a pena me deslocar até um consultório médico?”, “Não dá para deixar esse check-up anual para outro momento mais seguro?” e “O laboratório está cumprindo protocolos de segurança, ou um exame simples pode ser um risco de contrair covid?”

O medo de entrar em contato com o vírus tem feito muita gente adiar procedimentos de rotina que poderiam melhorar a qualidade de vida e a longevidade. Com isso, associações das mais diversas especialidades vêm alertando para os perigos de negligenciar a saúde para além da covid neste momento, principalmente na detecção de câncer.

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A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), por exemplo, registrou uma queda de 45% nas mamografias no primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019. O número era considerado insuficiente antes mesmo da queda, com uma cobertura de apenas 20%, quando o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) seria de 70%. A SBM ressalta que o diagnóstico precoce favorece uma sobrevida mais longa. O Instituto Oncoguia aponta, a partir de dados do SUS, diminuição de quase 40% no número total de biópsias realizadas entre março e dezembro de 2020, quando comparado ao dos mesmos meses de 2019.

Especialistas alertam que isso deve se traduzir em complicações à medida que as pessoas voltarem a realizar exames ou tiverem piora em seus quadros, chegando ao atendimento de forma tardia. “O principal receio é recebermos pacientes no futuro com um grau maior de complicação de suas doenças, de modo que isso dificulta o tratamento e muitas vezes impede a utilização de recursos mais simples e menos onerosos”, afirma Wilson Shcolnik, presidente da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

Não é todo exame ou consulta presencial que precisa ser feito durante a pandemia, mas qualquer incômodo merece atenção, ressalta Henry Porta Hirschfeld, diretor médico dos Times de Saúde da Alice, gestora de saúde em São Paulo. “Se alguém está com uma queixa, não tem sentido não conversar com o médico sobre isso. Pode ser algo tão simples de resolver e que vai melhorar sua qualidade de vida neste momento, ou pode ser algo mais complexo, que você nem imaginava, mas que o médico conseguiu diagnosticar e tratar logo no início”, avalia.

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A telemedicina, que foi em parte liberada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) para o período da pandemia, tem ajudado os médicos a fazer a “triagem” dos pacientes que precisam de alguma consulta ou exame presencial. Hirschfeld destaca que um profissional de saúde que conheça bem o paciente pode ajudá-lo a tomar a decisão de maneira mais segura e bem informada. Mesmo sem nenhuma queixa, há exames de screening (feitos para detectar algumas doenças precocemente) que não podem ficar para depois, dependendo do histórico do paciente.

Quando não esperar

Acompanhamento para doenças crônicas, exames e consultas periódicas para gestantes e vacinas do calendário vacinal são exemplo do que não deve ser deixado para depois, ressalta o médico da Alice, além das emergências. Ele ainda reforça que, dependendo do histórico familiar e de cada paciente, alguns exames de detecção precoce de doença, como mamografia, papanicolau e check-up cardiovascular, não podem ser negligenciados. Vale a máxima: converse com seu médico e não tome a decisão por conta própria.

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“Hoje a qualidade de vida está muito ligada a medidas preventivas, e nós sabemos que os exames diagnósticos – tanto os laboratoriais quanto os de diagnóstico por imagem – são exames baratos, que compensam o investimento”, diz o presidente da Abramed.

Para quem tem mais de 60 anos, o cuidado é redobrado dos dois lados: para evitar a contaminação pelo coronavírus e para não negligenciar exames e consultas periódicas. “Aqueles que já têm doenças crônicas precisam manter seus tratamentos e acompanhamento médico, mesmo que não com a mesma frequência de antes da pandemia”, afirma Maurício Ventura, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia Regional São Paulo (SBGG-SP). “Não adianta você se preocupar só com a pandemia e esquecer que tem outros problemas que precisam continuar a ser monitorados, e isso vai ser avaliado pelo médico pra cada pessoa.”

Ventura exemplifica com o caso de uma paciente idosa que faz periodicamente exames para detectar osteoporose. A data de um novo acompanhamento estava chegando, mas ela preferiu esperar a vacinação, que deve ocorrer em breve para a faixa etária da paciente. Mas o médico reforça: não tome essa decisão por conta própria, e sim após uma conversa com seu médico.

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Saúde mental e dores dominam as queixas

Além da dificuldade e do atraso na detecção de diversas doenças, a pandemia tem feito aumentar as queixas em dois âmbitos que podem interferir na qualidade de vida e na longevidade da população: saúde mental e dores no sistema musculoesquelético.

Em uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para identificar as queixas dos brasileiros desde a chegada do coronavírus, 41% das pessoas disseram sentir dores na coluna e 53% dos que já sofriam com isso antes da pandemia viram a condição piorar.

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Em relação à saúde mental, um estudo realizado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) publicado pela revista The Lancet mostrou que os casos de depressão quase dobraram nos primeiros meses da pandemia e os de ansiedade cresceram 80%.

Os números se traduzem no consultório, garante Hirschfeld, da Alice. O médico ressalta que essas duas queixas são sim motivo para procurar um médico e realizar exames, se orientado. “O primeiro impacto é na qualidade de vida atual. Segundo, se você investigar o que está acontecendo e não tratar, pode ser uma condição mais séria que pode se agravar. Tanto na saúde física quanto mental”, afirma.

Para prevenir essas condições e consequentemente reduzir a possibilidade de precisar de auxílio médico neste momento, a receita é conhecida: praticar exercícios físicos, mesmo que em casa. “Se você mudou de rotina e não é mais possível fazer atividade física como antes, vamos tentar entender o que você consegue fazer. Atividade física é uma das coisas mais importantes para prevenir sintomas musculoesqueléticos e é um forte aliado nas questões emocionais”, destaca o médico.

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Para os idosos, a receita é a mesma. “Dá para fazer exercício dentro de casa, dar uma volta na quadra em horários com pouco movimento na rua”, indica Ventura, da SBGG. Além disso, filhos e outras pessoas que convivem com idosos devem ficar alertas a sintomas de depressão e cansaço, pois o isolamento social pode ter impacto grande para os idosos, alerta o médico.

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