Dilma vira professora por um dia e chama Aedes de 'mosquita'

Presidente usou linguagem coloquial, metáforas e onomatopeias para prender a atenção de 370 estudantes na Bahia

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Por Isadora Peron
Atualização:
Ao falar das complicações causadas pelo vírus da zika, Dilma demonstrou preocupação com a relação ao nascimento de bebês com microcefalia Foto: AFP

JUAZEIRO (BA) - “Você tem o mosquito e a mosquita. O mosquito gosta de frutas, ele não pica nem extrai sangue das pessoas. Quem faz isso é a mosquita. É a mosquita que pica. E quando ela pica, contamina, porque é a mosquita que transporta o vírus da zika.”

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Adotando uma linguagem coloquial, a presidente Dilma Rousseff teve nesta sexta-feira, 19, um dia de professora e comandou uma aula a 370 estudantes do Colégio da Polícia Militar Alfredo Vianna, em Juazeiro (BA). O tema da apresentação foi como combater o mosquito Aedes aegypti e a relação da epidemia do vírus da zika com o aumento dos casos de microcefalia.

Além de chamar o vetor da dengue, da zika e do chikugunya de “mosquita”, Dilma usou uma série de metáforas e onomatopeias para conseguir prender a atenção, por cerca de uma hora, de meninos e meninas com idades entre 10 e 14 anos.

“Eu vou mostrar de onde vem o tal do vírus da zika. Ele veio da África, de um país chamando Uganda, que tem uma montanha chamada zika”, disse apontando para o slide do power point que trazia um mapa do continente africano.

“Aonde o mosquito não vai? Aonde tem peixe, porque o peixe come a larva do mosquito. Se você tiver um laguinho e tiver um peixe dentro, o mosquito já era. Porque o peixe vai lá e ‘babau’ para o mosquito”, afirmou ao explicar porque era importante eliminar os focos de água parada.

Ao falar das complicações causadas pelo vírus da zika, Dilma demonstrou preocupação com a relação ao nascimento de bebês com microcefalia, mas minimizou a síndrome de Guillain-Barré, que, segundo ela, é “uma doença que incomoda, mas não tem a gravidade” da má-formação craniana. A síndrome pode causar paralisia e até mesmo levar à morte em alguns casos.

A aula de Dilma fez parte de mais uma iniciativa do governo no esforço de mobilizar as pessoas no combate ao Aedes aegypti. Além da viagem da presidente à cidade da Bahia, pelo menos 27 dos 31 ministros visitaram escolas em todo o País nesta sexta. No sábado passado, todo o governo já havia participado de uma campanha junto com 270 mil homens das Forças Armadas.

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Nesta sexta, a presidente voltou a pedir que a população destinasse pelo menos 15 minutos por semana para fazer uma faxina e eliminar os focos do mosquito. Ela afirmou ainda que a iniciativa era importante porque cerca de 2/3 dos criadouros se concentram nas casas das pessoas.

Dilma também respondeu a perguntas dos estudantes. Uma delas questionou se os casos de zika poderiam prejudicar a Olimpíada, que será realizada no Rio de Janeiro.

A presidente disse que não, já que o período de maior incidência de proliferação do mosquito é de janeiro a junho, "no máximo julho", e os jogos ocorrem de 5 a 21 de agosto. Ela, no entanto, recomendou que atletas usassem roupas compridas e repelentes.

Antes da aula, Dilma visitou a fábrica Moscamed Brasil, que trabalha com o desenvolvimento de mosquitos transgênicos e esterilizados, que poderão ser usados para reduzir a reprodução do Aedes aegypti.

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