PUBLICIDADE

Diminui taxa de incidência de tuberculose no Brasil

País ficou em 18º na lista da OMS dos 22 países com maior incidência da doença no mundo

Por Fabiana Cimieri
Atualização:

O Brasil passou da 16ª para a 18ª posição no ranking dos 22 países com maior incidência de tuberculose no mundo. A taxa estimada diminui de 50 casos por 100 mil habitantes para 48, de acordo com o Relatório de Controle Global da Tuberculose 2009, lançado nesta terça-feira, 24, pela Organização Mundial de Saúde, no 3º Fórum Stop TB.

 

Veja também:

 

PUBLICIDADE

O Ministério já fechou os dados de 2007, e, embora eles ainda não tenham sido repassados para a OMS, o número de casos foi bem menor do que o estimado: cerca de 80 mil casos e uma taxa de 39 casos por cem mil habitantes.

 

De acordo com o relatório, que traz dados de 2007, apesar de o governo estar investindo mais recursos e melhorando os programas de controle da doença, o País ainda tem uma taxa de cura baixa, de 77%, enquanto a OMS preconiza 85%.

 

O coordenador geral do Programa Nacional de Controle da Tuberculose, Draurio Barreira, afirma que os índices não são melhores porque em 12% dos casos não se sabe o que aconteceu com o paciente. "Ele estava no meio do tratamento e de repente não se tem mais informação, se morreu, se curou", explicou, dizendo que um dos programas do Ministério da Saúde consiste justamente em monitorar melhor o paciente.

 

Em comparação aos outros países, o percentual de tuberculose multirresistente (que não responde às duas principais drogas utilizadas no tratamento) é de apenas 0,9%, bem menor do que a média global de 4,9% de prevalescência sobre os casos registrados da doença.

 

Uma pesquisa realizada pelo Programa Nacional de Controle da Tuberculose com 12.341 pessoas em cinco Estados encontrou apenas 1,4% de resistência a algum dos antibióticos utilizados no tratamento. As maiores taxas estão em países do Leste Europeu, sendo de 25% no Azerbaijão, 20% na Moldovae 16% na Ucrânia.

Publicidade

 

O País também faz parte do grupo de 56 países que já reportou pelo menos um caso de tuberculose extremamente resistente (não responde a praticamente nenhuma droga conhecida). Todos os três pacientes eram do Rio de Janeiro e morreram.

 

Nos dias 1, 2 e 3 de abril, uma conferência em Pequim discutirá a questão da resistência crescente às drogas utilizadas no controle da tuberculose. "O resultado da pesquisa indica que temos boas perspectivas de controlar um problema que é crescente no mundo. Tudo indica que o Brasil se estabilizou, analisou Barreira.

 

O relatório da ONMS também elogia o Brasil por ter melhorado o sistema de notificação de incidências. Desde 2005 os sistemas de mortalidade e de controle de tuberculose estão conectados. Isso permitiu que 19.064 casos duplicados fossem removidos das estatísticas.

 

Para o consultor da Organização Pan-Americana de Saúde, Rodolfo Rodrigues, o Brasil está muito bem. "O número de casos continua alto, mas pela taxa ele nem estaria no grupo dos 22 países mais afetados." Segundo ele, o País deve alcançar a meta do milênio para a tuberculose nos próximos dois anos. Em 1990, os países membros da ONU se comprometeram a reduzir em 50% os números de incidência e letalidade da doença.

 

Mundo

 

Apesar da incidência de casos per capita vir caindo no mundo, o diretor-executivo do Fundo Global contra a Aids, Tuberculose e Malária, Michel Kazatchkine, teme que a crise global provoque redução do financiamento, revertendo os avanços já conquistados. Este ano, segundo ele, o Fundo Global tem um orçamento de de US$ 3 bilhões e necessidade de US$ 4,6 bilhões, ou seja, US$ 1,6 bilhão a menos do que o para combater a tuberculose.

 

"É pouco dinheiro se comparado com o que está sendo gasto com o resgate de instituições financeiras", disse ele. "É necessário que o mundo se foque nas instituições que realmente funcionam e salvam vidas", completou.

Publicidade

 

O Relatório Global mostra que o número de casos de tuberculose relacionados ao HIV/ Aids estava sendo subestimado. Uma revisão dos dados elevou de 700 mil para 1,4 milhão o número de coinfectados. A tuberculose é a principal causa de morte em pacientes com HIV.

 

Apesar de o número de novos casos per capita vir caindo, ele ainda cai num ritmo lento, de menos de 1% ao ano. A OMS estima que um terço dos casos não são notificados, especialmente na África e na Ásia. Em 2007 foram registrados 9,3 milhões de casos no mundo, 92 mil deles no Brasil.

 

Texto atualizado e corrigido às 19h24

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.