18 de janeiro de 2008 | 16h50
Com duas décadas desde que a epidemia da aids começou a varrer o planeta, a doença foi freqüentemente vista como a maior ameaça à saúde internacional. No entanto, após estudos revisados e dados divulgados no final de 2007, junto com a constatação de que os casos da doença aumentaram nos anos 90, veio a conclusão de que muito está sendo gasto com a doença. Alguns especialistas em HIV estão sugerindo a alternativa de mover alguns dos bilhões de dólares destinado à doença para os problemas de saúde básica, como planejamento familiar, acesso a água potável e diarréia. Veja também: Pioneira na luta antiaids, Lu dá à luz a bebê sem o vírus "Se nós olharmos para os dados de forma objetiva, veremos que estamos gastando muito com a doença", afirma Malcolm Potts, especialista em aids da Universidade da Califórnia em Berkeley, que certa vez trabalhou com prostitutas no combate a epidemia em Gana, na África. Segundo Potts, problemas como a má nutrição, pneumonia e malária matam mais crianças na África que o HIV. "Nós somos levados a reagir de maneira rápida quando vemos uma criança pequena que sofre com a doença, mas infelizmente não agimos da mesma forma ao olharmos as outras estatísticas", disse. A cada ano, o mundo destina a aids de US$ 8 a US$ 10 bilhões de dólares, valor até cem vezes maior do que é investido em projetos de acesso a água potável nos países em desenvolvimento. Ainda hoje, mais de um bilhão de pessoas não têm acesso a água tratada. Com exceção do sul da África, a maioria dos continentes apresentam taxas relativamente baixas de HIV, e níveis muito maiores de doenças facilmente tratáveis, como a diarréia e doenças respiratórias. Ainda assim, a maior parte do dinheiro do ocidente, principalmente dos Estados Unidos, é destinado a aids. O presidente George W. Bush já destinou outros US$ 30 bilhões para o tratamento e combate a doença nos próximos cinco anos, a maior parte do valor para ser gasto na África. Em comparação, a iniciativa contra a malária do presidente americano, que pode reduzir pela metade as mortes pela doença em 15 países africanos, tem um orçamento estimado de US$ 1,2 bilhões. "Tentar redirecionar o dinheiro da aids ainda levará muito tempo", disse Richard Wamai, médico queniano da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard. "É como lutar contra a correnteza", acredita.
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