Do combate à Covid-19 à Reitoria

Nefrologista no Hospital das Clínicas de Botucatu, Pasqual Barretti se tornou reitor da Unesp durante a pandemia

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Por Redação
Atualização:
Em paralelo à rotina de trabalho, Pasqual Barretti ganhou a disputa pela reitoria da Unesp 

Com 36 anos de profissão em 2020, Pasqual Barretti viveu um dos períodos mais intensos de sua carreira durante a pandemia de covid-19. Nefrologista, o médico trabalhava na hemodiálise do Hospital das Clínicas de Botucatu, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), quando a pandemia chegou ao Brasil.

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“Como eu tinha mais de 60 anos, podia optar por não trabalhar, mas não fiz isso”, relata. “Não poderia abandonar uma unidade de risco, eu era o responsável técnico da unidade.” Na época, o médico e professor acumulava três períodos por semana no setor de hemodiálise – que se tornou parte crucial de diversos pacientes com covid que tiveram os rins afetados –, reuniões presenciais semanalmente com os residentes do hospital, além dos plantões. “Houve uma intensificação do trabalho em equipe e me mantive firme mesmo contrariando a orientação de alguns colegas”, lembra Barretti.

Para ele, manter-se ativo no hospital da faculdade, em contato com residentes e outros médicos recém-formados, “oxigena a mente”. “Os residentes compuseram um exército glorioso.  Eles mostraram que fizeram jus ao juramento que fizeram ao se formarem médicos. Todos os profissionais do Hospital das Clínicas, inclusive os alunos dos últimos anos, demonstraram muita cidadania e respeito à profissão”, afirma.

Além deles, Barretti destaca o trabalho de todos os outros profissionais de saúde que se dedicaram ainda mais durante os piores momentos da pandemia. “Os grandes profissionais foram os enfermeiros. A bravura deles, que são um número muito maior do que nós médicos e com muito menos reconhecimento social, foi impressionante”, afirma, destacando também o trabalho dos psicólogos na área de saúde mental durante o último um ano e meio.

Concomitantemente, o médico decidiu se dedicar também à disputa pela reitoria da universidade onde estudou e trabalhou durante boa parte da vida adulta. Todo o trabalho de campanha ocorria nos períodos em que Barretti não tinha atividades didáticas ou assistenciais.

E a dupla dedicação rendeu frutos, com a nomeação ao cargo em dezembro de 2020. “Foi uma questão de compromisso. Eu sofri muito por ter que deixar minha rotina – trabalho na hemodiálise desde 1986, são 35 anos. Foi muito difícil essa tomada de decisão de deixar a nefrologia. Mas fomos impulsionados por um grupo grande de colegas e acabei topando mais essa aventura”, diz o reitor.

Desde que tomou posse, em janeiro de 2021, Barretti diz poder aplicar sua experiência na Medicina no combate à covid na universidade, com a criação de um comitê dedicado ao tema e que tem autonomia na proposição de ações relativas à pandemia. Mas a mudança no rumo da carreira para o lado administrativo não deve ser definitiva, afirma ele. “Sempre fui apaixonado pela Medicina, continuo sendo, e em 2025 estarei de volta.”

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