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Doria cobra de ministro da Saúde entrega de equipamentos e postura ‘republicana’

Mais de uma semana após reunião com Nelson Teich, governador de SP diz que pode tomar 'medidas necessárias' para entrega de leitos, EPIs, respiradores e ajuda financeira

Por Túlio Kruse
Atualização:

SÃO PAULO  – Após pedidos de equipamentos e ajuda financeira que ficaram sem resposta, o governador João Doria (PSDB) cobrou publicamente uma postura "republicana" do ministro da Saúde, Nelson Teich, no combate à pandemia do novo coronavírus. Durante a entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes nesta sexta-feira, 8, Doria disse que o governo estadual iria "adotar as medidas necessárias" caso não houvesse uma resposta sobre as solicitações até a próxima terça, 12. 

"Quero registrar, respeitosamente, ao ministro e aos membros do governo federal, que se essas solicitações que foram serenamente e claramente reivindicadas à área da saúde - nenhum exagero, nenhuma solicitação acima daquilo que é necessário – (não forem atendidas), nós saberemos adotar as medidas necessárias", disse o governador. "Espero que isso não aconteça e que o ministro seja republicano, como demonstrou na reunião, e cumpra um compromisso com São Paulo."

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), em entrevista coletiva nesta sexta, 8 Foto: Divulgação/Governo de SP

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Segundo a gestão Doria, o pedido já foi feito duas vezes por meio de ofícios enviados ao Ministério da Saúde desde o dia 30 de abril. A solicitação envolve o credenciamento de leitos de UTI específicos para tratamento de pacientes com covid-19, a entrega de ao menos cem respiradores, e equipamentos de proteção individual (EPIs). Antes mesmo do envio do primeiro ofício, o pedido já havia sido discutido em uma reunião virtual do ministro com Doria, o secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann, o então coordenador do centro de contingência paulista para a covid-19, David Uip, e o vice-governador Rodrigo Garcia

Mais tarde, em uma entrevista ao canal Globo News, Doria aumentou o tom dos pedidos ao governo federal, pediu uma visita do ministro a São Paulo, e disse que Teich não deveria seguir "a cartilha do ódio nem a cartilha ideológica". Ele ainda lembrou a atuação do antecessor de Teich, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, ao dizer que o único auxílio federal recebido por São Paulo na crise do coronavírus foi uma promessa da gestão anterior. Mandetta deixou a pasta por desentendimentos com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). 

"O único recurso que São Paulo recebeu ao longo dos últimos 60 dias foram R$ 92 milhões que o ministro Luiz Henrique Mandetta prometeu, a São Paulo e aos outros Estados, e cumpriu", disse Doria ao canal. "Fora isso, não recebemos uma máscara sequer, nenhum respirador, nenhum leito. Nada, zero."

Doria disse que o ministro tem de visitar São Paulo, por ser o Estado com maior número de infectados e mortos pelo coronavírus. Sobre os pedidos de equipamentos, o governador reiterou que "não há nada de político nisso, nem eleitoral, nem de gostar ou deixar de gostar, é uma questão de saúde pública". Doria desejou a Teich "que ele não siga nem a cartilha do ódio nem a cartilha ideológica, mas sim a cartilha da medicina, onde ele estudou, se formou, fez uma carreira brilhante."

Questionado, o Ministério da Saúde não respondeu até a publicação deste texto. 

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