Duas famílias de vítimas do massacre de Suzano receberam indenização; ao todo, 18 têm direito

Na contagem da comissão criada pelo governo estadual e pela Defensoria Pública para definição das indenizações, são consideradas 18 famílias: sete mortos e 11 feridos

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Por Juliana Diógenes
Atualização:

Das sete famílias de mortos no ataque à Escola Raul Brasil, em Suzano, duas já receberam a indenização por parte do Governo de São Paulo. A terceira família deverá receber os pagamentos nos próximos dias. No total, cinco manifestaram interesse no aceite e estão com a documentação entregue parcial ou totalmente- outras duas estão em fase de coleta de documentação. O massacre aconteceu no dia 13 de março.

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As famílias têm ainda 40 dias a partir desta quinta-feira, 25, para juntar e entregar os documentos. As informações são da Defensoria Pública do Estado, que não divulgou valores por proteção dos familiares. O que se sabe é que os valores são os mesmos para todas as vítimas fatais.

Na contagem da comissão criada pelo governo estadual e pela Defensoria Pública para definição das indenizações, são consideradas 18 famílias: sete mortos e 11 feridos. Ao todo, o massacre deixou dez mortos - entre eles os dois autores dos disparos e o parente de um deles, executado fora da escola. 

As sete famílias de vítimas fatais têm direito a receber um valor referente à indenização por danos morais para ajudar os parentes a se rcompor e ainda uma pensão mensal por dano patrimonial, baseado na renda que a família teria com a produtividade futura do ente falecido. 

Estudantes, pais e funcionários em um abraço coletivo na escola Raul Brasil, em Suzano; em 2019, um ataque no colégio deixou 10 mortos Foto: Werther Santana/Estadão

"Foram usados parâmetros de outras ações de danos morais, como os Tribunais de comportam", explicou a defensora Juliana Garcia, que lidera a negociação junto à Procuradoria Geral do Estado. Segundo ela, o que vai variar em relação aos valores é o valor a ser recebido por cada um dos membros da família,e a depender do grau de parentesco e de coabitação com a vítima.

As 11 vítimas lesionadas no massacre também terão direito a indenização. Os valores vão depender dos laudos periciais elaborados pelo Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (Imesc), do governo estadual, que foram entregues nesta quinta à Defensoria. Na próxima segunda-feira, 29, o grupo de trabalho montado pelo governo do Estado se reunirá para definir os valores da indenização dos sobreviventes com base nas avaliações médicas entregues à Defensoria.

Os sobreviventes foram avaliados por uma equipe de 11 peritos que avaliou os danos físicos, psicológicos e psíquicos. Após o encontro no dia 11 de abril, os laudos foram concluídos em 15 dias, um tempo considerado "recorde" pelo superintendente do Imesc, João Gandini. Segundo ele, não é possível mensurar a totalidade do impacto psíquico nos sobreviventes avaliados somente em um encontro. 

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Nas análises periciais, são apresentadas probabilidades de danos futuros em diferentes áreas da vida dos sobreviventes, como esportes, trabalho, lazer e sexo. 

Gandini afirma que, com os laudos, a expectativa do Estado é que as vítimas sejam indenizados sem a necessidade de judicialização. Casos de indenização do Estado levados à Justiça, segundo a Defensoria, podem levar até 15 anos para ser solucionados.

'No limite'

Além das vítimas diretamente relacionadas ao massacre na escola, há ainda 1,2 mil pessoas afetadas em algum grau pelo ataque que aguardam na fila da rede municipal de saúde para acompanhamento psicológico.

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O secretário municipal da saúde de Suzano, Luis Cláudio Rocha Guillaumon, queixou-se nesta quinta que a estrutura de saúde está chegnado "no limite" e que inclusive uma psicológa pediu afastamento por exaustão. Dos 14 psicólogos da rede municipal, metade está deslocada para atendimento exclusivo às vítimas do massacre.

Segundo Guillaumon, a fila se deve ao número insuficiente de profissionais na rede para o atendimento das vítimas que buscam apoio psicológico do Município. Por dia, afirma ele, 10 a 20 novos pacientes com sequelas psicológicas ligadas ao massacre procuram diariamente os serviços de saúde da Prefeitura. 

Diante da alta demanda de pacientes e do número insuficiente de profissionais de saúde, Guillaumon afirma que um acordo com a Secretaria Estadual da Saúde vai garantir a contratação de 40 psicólogos via Hospital das Clínicas de Suzano. 

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Como está a investigação

- Os autores

G.T.M., de 17 anos, idealizador e líder do ataque, agiu ao lado de Luiz Henrique de Castro, de 25 anos. Outro jovem foi apreendido depois, suspeito de participar do planejamento.

- A motivação

Os autores se inspiraram no massacre de Columbine, nos EUA, em 1999, que terminou com 15 mortos.

- A dinâmica

O plano seria matar ao menos um desafeto de cada. Por isso, um tio de G. T. M. foi assassinado fora da escola. Um vizinho de Luiz escapou. Já o alvo do menor apreendido seria o estudante que ficou com o machado encravado no ombro. Ele sobreviveu.

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- Financiamento

O ataque custou R$ 7 mil, pagos por Luiz. À família, ele dizia que estava juntando dinheiro para comprar um carro. O valor inclui mais de 20 dias de aluguel de um automóvel usado no ataque, onde as armas foram guardadas.

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