Mário Peribanez Gonzalez, de 49 anos, infectologista do Hospital Emilio Ribas. Morador de Santa Cecília, região oeste de São Paulo. Casado.
Esse é um chamado para resolver uma situação iminente e nós não temos escolha: a gente tem de se entregar. Estamos aqui para cumprir essa missão, com todo cuidado possível. Eu e todos da equipe estamos de prontidão para resolver um problema por vez, e todos os problemas têm de ser resolvidos. É o dia inteiro tomado de trabalho. A gente não desliga. Agora, fico no hospital de 30 a 40 horas por semana. Antes, ficava em torno de 20.
Em qualquer situação, em especial numa situação dessas, o trabalho de todos conta, do time de enfermagem, do corpo médico, dos funcionários desde a portaria à direção. Todos os profissionais das áreas médica e de enfermagem foram realocados para cumprir a demanda. Isso exigiu treinamento dos novos equipamentos de segurança. São treinamentos para entrar no quarto e sair dele sem trazer nada de lá. É tão importante retirar um EPI, como máscara, luva, gorro e avental, quanto colocá-lo. Tenho um pouco de medo e tomo todas as precauções.
O trabalho em equipe é fundamental
Mário Peribanez Gonzalez, infectologista do Hospital Emilio Ribas
Além de estar trabalhando mais, as coisas que costumava fazer para o meu bem-estar diminuíram, como natação, pilates, musculação, jantar com amigos... Tudo isso acabou. Pratico meditação e ioga em casa. Participei de um jantar virtual com amigos, cada um na sua casa, e também de um aniversário. Foram eventos agradáveis. É importante manter a vida social do jeito que dá.
A gente lida com a satisfação de atender e resolver os problemas. Tem tudo: medo, apreensão e angústia de ver amigos ficando doentes. Ao mesmo tempo tem a recompensa de ver pacientes recuperados e o serviço estruturado para atender a demanda crescente. Isso compensa o esforço de estar aqui.