Ela estava preocupada com a mãe idosa e perdeu o filho para o coronavírus

Eromar Azeredo Polo Boz viu o filho de 27 anos morrer na semana passada e faz um alerta para quem acha que a covid-19 é fatal apenas para pessoas do grupo de risco

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Por Fabiana Cambricoli
2 min de leitura

Aos 55 anos, Eromar Azeredo Polo Boz estava preocupada com a mãe de 75 anos por causa do coronavírus. No entanto, ela viu o filho de 27 anos, Diogo, contrair covid-19 e morrer na semana passada. Em depoimento ao Estado, Eromar conta que o filho não pôde trabalhar de casa e faz um alerta para as pessoas que acham que o coronavírus só atinge pessoas do grupo de risco. Veja abaixo:

Eromar Azeredo Polo Boz, 55 anos, posa com seu marido Jorge Luiz Boz, 57, em sua casa em Osasco Foto: Daniel Teixeira/Estadão

"Eu não estou querendo uma justificativa para a morte do meu filho. Sei que ele faleceu porque teve uma doença grave. Mas o que eu quero é mostrar para as pessoas que elas têm de tomar cuidado e as empresas não podem ser negligentes. A pessoa só vai enxergar a gravidade dessa epidemia quando perder alguém que ama.

Fazia seis meses que o Diogo tinha entrado como vendedor em uma empresa de call center em Alphaville (que fica em Barueri, na Grande São Paulo). Era esforçado. O pessoal dizia que era ‘CDF’. Depois de seis meses como temporário, ele ia ser registrado e passar para um cargo de coordenação. Estava todo contente que teve essa promoção.

Só que eu estava preocupada por causa do coronavírus. Ele tinha me contado que já tinha três casos suspeitos de coronavírus entre os funcionários e a empresa não tinha colocado ninguém para trabalhar de casa.

E o local era fechado, sem ventilação. O refeitório ficava cheio e não era arejado. Eu falava para ele tomar cuidado, mas não ia deixar de trabalhar presencialmente sem autorização da empresa.

No dia 2 de abril, ele trabalhou até as 17 horas e foi diretamente para o hospital porque estava muito ruim, tossindo muito e com febre. Ficou em isolamento em casa alguns dias, mas teve de ser internado no dia 6. Antes de ele ficar doente, minha preocupação era com a minha mãe, porque ela tem 75 anos e é do grupo de risco. Nunca imaginei que perderia meu filho de 27 anos para essa doença.

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Por isso quero agora alertar as pessoas: morto não trabalha, morto não paga conta. Levem a sério essa doença e se isolem. A empresa vai continuar lá, mas eu nunca mais vou poder ter o abraço dele."

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