A cirurgiã dentista Priscila Bertoncini, de 40 anos, tem dois filhos com fibrose cística. Giovanna, de 13 anos, e Rafael, de 5, passam por tratamento para erradicação da bactéria pseudomona e precisariam ser medicados com um antibiótico inalatório (Tobramicina), que está em falta na farmácia de alto custo da Vila Mariana.
“Não tinha mais (remédio) e não tinha previsão de chegada. No meu desespero, pedi ajuda e consegui uma mãe que me doou a segunda metade do tratamento porque a filha dela criou alergia ao Tobramicina”, conta. “A gente acaba ajudando um ou outro como pode”.
A indignação de Priscila vai além da falta de medicamentos. Ela conta que a espera na fila da farmácia para retirar os medicamentos pode chegar a quatro horas. “Isso porque quem me ajuda é a minha sogra, que entra na fila dos idosos”, ressalta.
De acordo com a cirurgiã, em 13 anos de relação com farmácias de alto custo, esta é a primeira vez que faltam medicamentos sem qualquer previsão de chegada.
“Infelizmente tenho experiência de 13 anos de fibrose cística. É a primeira vez que passo por esse desespero. Já chegou a faltar algumas outras vezes, mas era muito pontual e a gente via que logo era resolvido. Agora a gente, já chega lá com medo do que vai faltar”.