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Em evento sobre vermífugo para covid, Bolsonaro volta falar sobre não obrigatoriedade da vacina

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que a vacina deveria ser aplicada em todos os brasileiros; os dois têm trocado farpas sobre a questão

Por Camila Turtelli
Atualização:

BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro aproveitou a divulgação do estudo clínico do vermífugo nitazoxanida em pacientes na fase precoce da covid-19 para repetir que o governo não vai obrigar a população a tomar vacina contra a doença. Ainda não há uma vacina contra o vírus que causou a pandemia atual. “Eu queria falar sobre uma notícia que está circulando, não é fake news, ela é verdadeira, levando-se em conta o autor. Mas na prática, ela é falsa. Tem uma lei de 1975 que diz que cabe ao Ministério da Saúde, o programa nacional de imunização, ali incluindo as possíveis obrigatórias. A vacina contra o covid, como cabe ao Ministério da Saúde definir essa questão e já foi definida, ela não será obrigatória. Então, quem está propagando isso aí é uma pessoa que pode estar pensando em tudo, menos na saúde ou na vida do próximo”, disse Bolsonaro.

Bolsonaro alegou que cabe ao Ministério da Saúde definir a obrigatoriedade da vacina Foto: Alan Santos/PR - 14/10/2020

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Em nova estocada na direção do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o presidente destacou, mais uma vez, que qualquer vacina no Brasil precisa ter comprovação científica e ser aprovada pela Anvisa. Para Bolsonaro, muitas pessoas não vão querer ser imunizadas. “Nós sabemos que muita gente contraiu e nem sabe que contraiu e está imunizado. Nós vamos obrigar essa pessoa a tomar a vacina?”, perguntou. Mais cedo, nesta segunda-feira, 19, Doria afirmou que a vacina contra a covid-19 deve ser aplicada em todos os brasileiros. Nos últimos dias, Doria e Bolsonaro têm trocado farpas, com pontos de vista antagônicos sobre essa questão. “Por parte dessa fonte, essa vacina custa mais de US$ 10. Por outro lado, do nosso lado, custa menos US$ 4. Não quero acusar ninguém de nada aqui, mas essa pessoa está se arvorando e levando o terror perante a opinião pública”, disse Bolsonaro, sem citar o nome de Doria, que deverá ser seu adversário na eleição de 2022.

Nitazoxanida

No evento desta noite, o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, apresentou os resultados do estudo clínico conduzido por ele sobre o uso do medicamento nitazoxanida, conhecido comercialmente como Anitta, em pacientes na fase precoce da Covid-19.

As pesquisas com a nitazoxanida se basearam em um estudo do Laboratório Nacional de Biociências do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização social vinculada ao MCTI, que com o uso de inteligência artificial iniciou estudos com o reposicionamento de fármacos. Foram analisadas mais de 2 mil substâncias para investigar a possibilidade de inibição da replicação viral do SARS-CoV-2.

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