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Em Pernambuco, número de profissionais de saúde com covid-19 cresce 74,8% em uma semana

São 1.353 infectados, 790 casos em investigação e 30 tiveram resultados inconclusivos; sindicato confirma três mortes

Por Vinícius Brito
Atualização:

RECIFE - Em uma semana, o número de profissionais de saúde diagnosticados com o novo coronavírus cresceu 74,8% em Pernambuco. No primeiro Estado a criar protocolo de testagem para categorias na linha de frente, cerca de 1/3 dos profissionais que ajudam a combater a epidemia testaram positivo para covid-19.

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Neste momento, 1.353 profissionais de saúde que trabalham na rede pública e privada foram infectados pelo coronavírus. Outros 905 casos foram descartados. Além disso, 790 casos estão em investigação e 30 tiveram resultados inconclusivos. Ao todo, há 3.999 casos confirmados para coronavírus em Pernambuco, de acordo com o último boletim da Secretaria Estadual de Saúde (SES).

Em resposta à alta taxa de contaminação, a Justiça de Pernambuco determinou na quinta-feira, 23, que o governo estadual distribua os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) necessários para as equipes de saúde em até 10 dias. A ação foi movida pelo Sindicato Profissional dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem (SATENPE), que associa o número de profissionais contaminados à falta de EPIs nos hospitais pernambucanos.

Além do uso de EPIs, o sindicato negocia com o governo estadual uma série de medidas para proteger os profissionais da categoria, como a testagem de todas as equipes de saúde, o afastamento de pessoas contaminadas no serviço e a criação de leitos de hotel para funcionários evitarem contato com familiares durante afastamento.

"Nós não somos super-heróis, somos seres humanos, temos medo e estamos enfrentando na linha de frente porque é nossa profissão. Mas, diante do receio de não haver EPI, o medo de atuar fica muito mais alto porque as vidas ficam sacrificadas", argumentou o presidente do SATENPE, Francis Herbert. O sindicato confirma três mortes (e outras três ainda em investigação) de auxiliares e técnicos de enfermagem por covid-19 no Estado.

Em nota, o governo de Pernambuco afirmou que monitora o abastecimento de EPIs na rede estadual de saúde. O órgão contabiliza mais de 9 milhões de Equipamentos de Proteção Individual (dos quais, um milhão seriam máscaras cirúrgicas e cerca de 200 mil, máscaras N95) comprados e distribuídos aos hospitais públicos do Estado este ano.

Fisioterapeuta no Hospital da Mulher do Recife, referência para tratamento de covid-19 no Estado, Harrison Castro afirma que a qualidade de EPIs é questionável. "A máscara N95, que protege contra os aerossóis, é de péssima qualidade, não falta, mas é ruim. A gente precisa colocar uma máscara cirúrgica por cima", disse. O profissional explica ainda que as equipes usam a mesma máscara por até 14 dias, o que ampliaria a chance de contaminação.

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Afastada das funções hospitalares após teste positivo para covid-19, uma profissional de saúde, que prefere não se identificar, acredita que o contato com colegas sem EPIs durante repouso também aumenta exposição ao vírus. "Outro momento mais crítico é durante a intubação de pacientes. Às vezes, existem intercorrências que, mesmo com o protocolo sendo devidamente seguido, fogem do nosso controle e alguma exposição pode acontecer", afirmou.

A partir da próxima segunda-feira, 27, um decreto, editado pelo governador Paulo Câmara (PSB) torna obrigatório em todo Estado o uso de máscaras de proteção para servidores públicos e profissionais de atividades essenciais.

profissional da saúde Foto: David Ryder/ Reuters - 24/4/2020

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