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Empresas devem explicar falta de medicamentos à Anvisa

Fabricação e distribuição de remédios teriam sido afetadas pela paralisação dos servidores, em greve desde 16 de julho

Por Gheisa Lessa
Atualização:

Laboratórios de todo o País têm até o fim desta terça-feira, 28, para informar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre a situação de seus estoques. O órgão notificou 14 empresas na última segunda-feira, 27, após uma série de publicações afirmarem a falta de medicamentos em território nacional. A fabricação e a distribuição de remédios teriam sofrido reflexo da paralisação dos servidores, em greve desde 16 de julho. O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou na última quinta-feira, 23, que a escassez de medicamentos e insumos registrada em unidades do País não tem relação com a greve de funcionários da Anvisa. A agência, no entanto, diz não ter certeza das consequências que a paralisação possa ter causado para a saúde dos brasileiros. "Queremos saber se há de fato falta de produto e o motivo para adotarmos medidas cabíveis junto às empresas", afirma o diretor presidente da Anvisa, Dirceu Barbano. Conforme nota oficial divulgada pelo órgão, todos os 14 laboratórios notificados tiveram seus medicamentos citados, em algum momento, pela imprensa como estando em falta nas prateleiras de farmácias ou unidades de saúde. Para Barbano, "não há relatos das Secretarias de Saúde dos Estados e dos Municípios sobre desabastecimento". A Anvisa afirma ainda que todas as notificações foram enviadas na noite da última segunda e exigem prazo de 24 horas para as respostas. Apesar da insistência do Ministério em dizer que nenhum medicamento deixou de ser distribuído em função da greve, auditores e técnicos da Receita Federal afirmaram ao estadão.com.br, no último dia 23, que há mercadorias paradas nos portos em função da paralisação da categoria. A falta de medicamentos é presente no dia-a-dia das unidades de saúde desde o início da greve. "Faltam remédios de primeira necessidade, como insulina para o tratamento de diabetes e que fazem parte do Programa Farmácia Popular", cita o farmacêutico Renato Teramae, de 45 anos. Ele ainda aponta falta de ormigrein para enxaqueca, e algumas apresentações ou dosagens de Levotiroxina sódica para reposição de hormônio da tireoide. Teramae é proprietário há 35 anos de uma farmácia em Diadema, no Grande ABC Paulista, e destaca que falhas na distribuição de remédios são constantes. "Desta vez todos sabemos que os remédios estão em falta por causa da greve, mas sempre temos que lidar com problemas na distribuição", reclama. No documento, a Anvisa solicita ser avisada sobre qualquer problema relacionado à liberação de medicamentos. O Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências) negocia, ao longo desta terça, com o governo federal o fim da greve. A categoria está em greve nacional há 72 dias. Uma reunião de negociação aconteceu na tarde da última segunda onde o Ministério do Planejamento apresentou a proposta oficial do governo. A categoria negou e fez uma contraproposta que será analisada nesta terça. Questionado sobre o fim da greve nacional, o Sinagências afirma que se o governo não mudar a oferta, a paralisação continua. "A proposta feita ontem não atende o mínimo do que a categoria pede. Do jeito que está, não haverá acordo. Esperamos que o governo altere para haver acordo o quanto antes", diz o diretor de comunicação do sindicato, Ricardo Holanda.

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