28 de abril de 2009 | 11h21
A pesquisadora especializada em infectologia e virologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Nancy Cristina Junqueira Belleli, pede cautela na análise dos números que vêm sendo divulgados sobre os efeitos da gripe suína originada no México, e diz que os dados que chegam "precisam ser vistos com cuidado".
"Uma coisa são os números divulgados oficialmente, outra é o número real", diz ela. "Nem todas essas mortes foram confirmadas. É preciso esperar".
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Até esta manhã, o governo mexicano atribuía 152 motes à gripe, em mais de 2 mil pacientes possivelmente infectados, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) só reconhecia como confirmados, no mesmo país, 26 casos, com sete mortes. Nenhum outro país do mundo havia comunicado óbitos provocados pela doença.
Nancy explica que para definir a taxa de letalidade de um vírus é preciso ver quantas pessoas morreram do total de pessoas afetadas.
Com os números vindos do México, ela supõe que ou o total de pessoas infectadas é muito maior que o comunicado às autoridades - e, portanto, os mortos seriam uma fração muito menor do número real de vítimas - ou mortes provocadas por outras causas estão sendo provisoriamente atribuídas ao vírus da gripe suína.
Quanto à disseminação rápida da doença, a pesquisadora diz que isso é comum com as variedades de vírus da gripe, e que "qualquer vírus" de influenza poderia espalhar-se da mesma forma. "Em 2002, 3 mil pessoas foram hospitalizadas com gripe humana em Araraquara (SP), e nem saiu no jornal", exemplifica.
O vírus da gripe suína é do tipo H1N1, o mesmo causador da gripe espanhola de 1918, que matou dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo, mas Nancy explica não se trata da mesma criatura.
Nas palavras dela, o vírus atual é "do mesmo tipo, mas de um modelo diferente". "É um vírus novo porque ninguém tinha visto em circulação antes, embora já tivesse sido notado".
Quanto ao fator inesperado no surgimento dessa nova gripe, depois de anos de alertas sobre o risco iminente de uma pandemia de outra gripe, a aviária - que ainda não é capaz de transmitir-se facilmente entre seres humanos - a cientista também diz que se trata de uma situação normal em seu campo, dada a grande capacidade de mutações dos vírus. "Espere qualquer coisa de qualquer lugar", define.
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