Essencial para rastrear câncer, exame ainda é raridade no SUS

Incluído há um ano na relação de tecnologias ofertadas na rede pública, há 30 serviços de PET-CT credenciados para atendimento

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Por Ligia Formenti
Atualização:
Exame funciona por meio do mapeamento de substâncias químicas no organismo Foto: ANDRE LESSA/AE.

BRASÍLIA - Uma ferramenta considerada essencial para acompanhar pacientes que estão em tratamento contra o câncer, o PET-CT, ainda é raridade no Sistema Único de Saúde (SUS). Incluído há um ano na relação de tecnologias ofertadas na rede pública, há 30 serviços credenciados para atendimento. "É um número muito baixíssimo. Se tal ritmo perdurar, vamos demorar anos para atender minimamente a demanda", afirmou o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear, Cláudio Tinoco Mesquita.

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Quando o exame foi incorporado no SUS, associações de pacientes e médicos comemoraram a notícia, mas mostraram descontentamento com a timidez nas indicações. Pacientes da rede pública têm direito a fazer o exame somente nos casos de câncer de pulmão, intestino e linfoma. Bem menos do que planos de saúde são obrigados a ofertar. "É um contrassenso. Se é importante para pacientes nos planos de saúde, porque não é importante para pacientes do SUS?", argumenta Mesquita. 

Mesmo com a indicação restrita, o ritmo de credenciamento de centros é feito de forma lenta. "Há vários aspectos. Talvez um dos que mais sejam preponderantes é a resistência de gestores locais de fazer o credenciamento", diz. O presidente da sociedade arrisca uma explicação: seria uma forma de se economizar recursos. Cada exame custa, em média R$ 2.200.

O médico garante, no entanto, que a estratégia tem efeito oposto. Entre as indicações do exame PET-CT está avaliar a eficácia do tratamento de alguns tipos de câncer. Em casos em que o paciente apresenta uma resposta rápida para terapia, há possibilidade, por exemplo, de se reduzir os ciclos de quimioterapia. Algo que representa um ganho tanto para o paciente quanto para o sistema de saúde.

"Um ciclo de quimioterapia custa algo em torno de R$ 15 mil. São recursos que deixam de ser gastos pelo sistema público", diz. Mas, mais do que isso, ao se reduzir os ciclos de terapia, o paciente é poupado de um desgaste desnecessário. "A terapia traz efeitos muitas vezes indesejáveis. Se a situação do paciente permite, é possível reduzir as aplicações. Mas isso somente pode ser feito com prudência."

O exame também é indicado para acompanhar o paciente, depois que o tratamento é concluído e identificar, por exemplo, quais as melhores formas para se conduzir a terapia, para avaliar doenças infecciosas, problemas cardiovasculares. 

O exame funciona por meio do mapeamento de substâncias químicas no organismo. Antes do exame, pacientes recebem uma substância similar à glicose com marcador Fluor 18. "Células tumorais consomem com grande avidez a glicose", conta o médico. Com o marcador, é possível verificar as regiões onde há maior metabolismo da substância, indicando, portanto, as áreas com tumores. 

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Em nota, o Ministério da Saúde afirmou ter realizado até agosto mais de 5 mil exames, com investimento de R$ 11,1 milhões.A demanda estimada é de 20 mil exames anuais. A pasta afirmou também que outras técnicas são usadas para diagnóstico, como radiografias, cintilografias, ultrassom, tomografias e ressonância. A aquisição de PETs-CTs é feita por meio de convênios. 

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