Estado que não seguir plano nacional para dose de reforço pode ficar sem vacina, diz Queiroga

Ministro da Saúde afirma que medidas do governo federal devem ser cumpridas, senão a pasta 'lamentavelmente não terá condições de entregar doses'

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Por João Ker
Atualização:

Após anunciar que o Brasil começará a aplicação da dose de reforço da vacina contra a covid-19 a partir do próximo dia 15, o ministro da Saúde Marcelo Queiroga disse que os Estados que não respeitarem a "soberania" do Programa de Imunização Nacional (PNI) correm o risco de ficarem sem vacinas. "Se cada um quiser criar um regime próprio, o Ministério da Saúde lamentavelmente não terá condições de entregar doses de vacinas", afirmou em coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira, 25.

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"Temos que nos unir para falar a mesma língua. E não adianta falar na imprensa ou ir na Justiça, porque o juiz não vai assegurar dose que não existe", frisou Queiroga. "O que queremos aqui é que nossa campanha siga de maneira equânime. O Brasil é uma só nação, um só povo." 

O comentário foi interpretado como um alerta ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que mais cedo anunciou a aplicação da dose de reforço no Estado em todos os imunossuprimidos e idosos acima de 60 anos a partir do próximo dia 6. De acordo com a nova recomendação do PNI, a terceira dose só será aplicada a partir do próximo dia 15, nos imunossuprimidos e idosos acima dos 70 anos.

Marcelo Queiroga, ministro da Saúde. Foto: Joédson Alves/ EFE

"Vamos seguir juntos. Não adianta um Estado vacinar com 18 anos e outro com 30. Não dá pra fazer assim. Se a gente decide aqui que profissionais da saúde, neste momento, não serão contemplados com a dose de reforço, não vale uma demagogia vacinal de Estado 'A' ou 'B' dizer que quer aplicar doses nesses trabalhadores", afirmou Queiroga. 

O ministro frisou que as decisões foram tomadas pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) e que a vacina da Pfizer será preferencialmente utilizada para a dose de reforço. Durante a coletiva de imprensa, também estavam presentes representantes do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) e do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS).

"Essa foi a recomendação que recebi do presidente da República. Fazer política de saúde e não fazer política na saúde", disse o ministro. "Se seguirmos o que o PNI define, em relação aos rumos da campanha nacional, é a garantia que teremos um sucesso ainda maior que já temos no presente momento." 

Nas últimas semanas, Doria tem protagonizado uma queda de braço com o governo federal pela distribuição de doses da vacina ao Estado. A questão chegou a ser levada para a Justiça, em um movimento que foi criticado amplamente por Queiroga. 

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"A gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) é tripartite e isso não é uma invenção do nosso ministro, vem da Constituição. Se um Estado ou município foge desse planejamento, isso vai atrapalhar todos os outros entes da federação", frisou Rosana Leite, secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19. "Estamos tentando trazer essa união e é através dela que vamos conseguir imunizar toda a nossa população."

Dose de reforço 

Queiroga também detalhou o plano da pasta para conter o avanço da variante Delta com a aplicação de uma dose de reforço. Ele anunciou que o intervalo entre as duas doses da AstraZeneca e da Pfizer será reduzido de 12 para oito semanas e a expectativa é que toda a população adulta do País esteja imunizada com ambas as aplicações até outubro. 

A estratégia é proteger os imunossuprimidos e idosos acima dos 70 anos que já completaram o esquema vacinal há mais de seis meses e estariam mais vulneráveis à nova cepa. Segundo Rosana Leite, o imunizante da Pfizer foi escolhido para a dose de reforço por apresentar mais benefícios na intercambialidade de doses (quando a marca da segunda aplicação difere da usada na primeira); ser aprovado pela maioria das agências sanitárias internacionais; e porque o governo federal já tem a expectativa de receber “uma grande quantidade” nos próximos meses. 

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