Estados e municípios vão receber adiantado recursos de Saúde

Fiscalização sobre uso da verba será feita por amostragem; Ricardo Barros diz não ter preocupação com desvios

PUBLICIDADE

Por Ligia Formenti
Atualização:
O ministro da Saúde, Ricardo Barros Foto: André Dusek/Estadão

BRASÍLIA - Municípios e Estados vão passar a receber adiantado do Ministério da Saúde, em uma única parcela, os recursos necessários para a construção, reforma ou ampliação de hospitais e centros de atendimentos do SUS. Com a nova medida, a Caixa Econômica Federal, que atualmente repassa os recursos e fiscaliza a aplicação para liberação de novas parcelas deixará de participar do sistema. 

PUBLICIDADE

Ao anunciar a medida, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse não estar preocupado com o aumento de riscos de fraudes. "Não tenho nenhuma preocupação com desvio. Os prefeitos sabem da sua responsabilidade, respondem à Lei de Responsabilidade Fiscal, além do controle de órgãos como CGU e Tribunais de Contas", disse.

Existem atualmente 11,8 mil obras da saúde em ação ou em execução, que juntas têm valor aproximado de R$ 3 bilhões. Pelo novo modelo, municípios e Estados que receberem os recursos terão de apresentar, a cada 60 dias, um informe sobre o andamento da obra no Sistema de Monitoramento de Obras (Sismob). Essa plataforma já existe e, de acordo com ministro, será ampliada. Visitas serão feitas por amostragem para verificar a situação corresponde à informada por gestores no Sismob. Se houver descumprimento de prazo, o gestor será notificado para resolver o problema, em um prazo de 3 meses. Se o erro não for reparado, os recursos serão devolvidos.

Barros, no entanto, não informou qual a composição da equipe responsável por fazer as visitas por amostras ou a periodicidade em que tais vistorias seriam realizadas. Disse apenas que a tarefa ficará a cargo do Denasus, um departamento com auditores que já são responsáveis pela fiscalização da aplicação de todos os recursos do SUS, além de participar de fiscalizações a pedido de órgãos de controle. Não está também estabelecido como será a devolução de recursos, caso irregularidades sejam identificadas. O ministro afirma que será feita de forma automática, mas não disse se o valor será devolvido de forma integral ou somente o que ainda não foi gasto.

Dizendo confiar nos gestores, o ministro defendeu o novo formato. Segundo Barros, a nova lógica vai reduzir burocracia e os custos das obras. "Vamos evitar o flagelo nacional que é a quantidade imensa de obras que começam e não terminam. Com repasse antecipado, vamos ter mais empresas interessadas em fazer. Hoje, muitas não se interessam porque não sabem quando, como e se vão receber", afirmou o presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde, João Gabbardo dos Reis.

A mudança integra uma nova política do Ministério da Saúde para o repasse de recursos federais a Estados e municípios. Além de verba adiantada para obras, o ministério dará mais liberdade para que prefeituras e governos gastem recursos na área. Atualmente, o dinheiro vai "carimbado" para determinada atividade. Caso o dinheiro não seja usado para essa finalidade, ele fica bloqueado.

Essa lógica tinha como objetivo assegurar que Estados e municípios não destinassem recursos apenas para atividades consideradas de maior apelo para e população, como contratação de médicos, compra de ambulâncias ou equipamentos e deixasse de lado atividades com menor popularidade, mas igualmente necessárias, como ações de vigilância em saúde ou combate a vetores. Os recursos agora terão duas destinações: custeio e investimento. Antes, havia seis blocos temáticos. "Com o modelo anterior, muitos recursos ficavam paralisados. Foram pelo menos R$ 5,7 bi em 2016", afirmou o ministro.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.