Estudo indica que extrovertido enfrenta pior o isolamento pelo coronavírus

Psicólogo Lucas de Francisco Carvalho publicou resultado de uma pesquisa na revista Trends in Psychiatry and Psychotherapy

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Por Marcelo Lima
Atualização:

Surpreendida pela necessidade de ficar confinada em razão da pandemia de coronavírus - ela é diabética -, a designer Gina Elimelek, de 58 anos, se ressente, sobretudo, da ausência de contato físico. "Sempre adorei abraçar e beijar, sentir as pessoas."

Também isolado, o arquiteto Darlan Firmato, 43, sente falta de um convívio social mais intenso, embora acredite que as pessoas estejam mais disponíveis. "Mais abertas ao diálogo, ainda que remoto."

Movimentação na Praça Pereira Coutinho, na Vila Nova Conceição Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

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O psicólogo Lucas de Francisco Carvalho, do Laboratório de Avaliação Psicológica e Educacional da Universidade São Francisco (USF), de Campinas, acabou de publicar um estudo na revista Trends in Psychiatry and Psychotherapy, em que avalia a relação entre os perfis de personalidade e a adesão ao isolamento.

"A principal contribuição do nosso trabalho foi reforçar a ideia de que os traços de personalidade têm papel importante no engajamento às medidas de contenção”, afirmou o psicólogo.

Aplicado online, o questionário foi respondido por cerca de 900 pessoas com idade superior a 18 anos, a maioria mulheres (77,3%), solteiras (52,2%), caucasianas (69,5%) e com ensino superior (68,8%). Ao todo, foram formuladas 30 questões, com ênfase em isolamento e higienização.

Com base nos resultados apresentados, Carvalho concluiu que pessoas mais extrovertidas, por serem mais comunicativas, gostarem mais de sair e de estar em grupo, têm mais dificuldade de se engajar nas medidas de contenção, principalmente o confinamento social, do que indivíduos de perfil mais controlado e consciencioso.

Segundo o pesquisador, reconhecer esses traços pode ajudar a indicar os melhores caminhos para lidar com a questão. Um novo estudo, para o qual já coletou cerca de mil entrevistas, vai avaliar como traços mais específicos de personalidade reagem ao isolamento social.

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