Ex-repórter do 'Estado', Renan Antunes de Oliveira morre aos 70 anos com suspeita de coronavírus

Jornalista morava em Florianópolis e se recuperava de um transplante de rim realizado em fevereiro

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Por Ciro Campos
Atualização:

O jornalista Renan Antunes de Oliveira morreu aos 70 anos neste domingo, 19, em Florianópolis (SC) após ter um enfarte em casa, no bairro Rio Vermelho. Com uma carreira de mais de 40 anos na imprensa brasileira, inclusive como repórter do Estado, ele havia passado por um transplante de rim em fevereiro e nas últimas semanas se cuidava após apresentar um quadro suspeito de infecção pelo novo coronavírus.

Segundo familiares, Renan será cremado nesta segunda-feira, 20, em cerimônia reservada na capital catarinense. O jornalista enfrentou nos últimos meses um difícil tratamento renal. Por causa do transplante, tomava remédios para evitar a rejeição do novo órgão e, por isso, ficou com imunidade baixa. Os médicos acharam melhor que o jornalista ficasse em casa, para evitar um possível contágio no hospital.

Renan Antunes de Oliveira trabalhava como jornalista desde 1976 Foto: Arquivo Pessoal/Renan Oliveira

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No entanto, nas últimas semanas ele passou a apresentar alguns sintomas do novo coronavírus, como febre alta. Para combater o mal estar, ele foi submetido a um coquetel de hidroxicloroquina com azitromicina para tentar se recuperar. No entanto, um dos exames colhidos na semana passada para confirmar o contágio havia dado resultado negativo.

Nascido em Nova Prata (RS), Oliveira começou a trabalhar como repórter em 1976. Teve passagens por veículos como Diário de Notícias, Correio do Povo, Diário Catarinense, Jornal do Brasil, Jornal de Brasília, Veja e TV Cultura. No Estado, foi correspondente em Nova York. O maior reconhecimento pela carreira veio em 2004, quando ganhou o Prêmio Esso Nacional de Reportagem pela reportagem A Tragédia de Felipe Klein, publicada no veículo gaúcho Jornal Já.

Uma das principais coberturas internacionais feitas pela jornalista foi em 2001, quando chegou a ser preso e interrogado no Irã durante 30 horas enquanto fazia uma reportagem na região da tríplice fronteira com Afeganistão e Paquistão. Recentemente, Oliveira trabalhava no Diário do Centro do Mundo.

"Renan era jornalista full time. Jamais vi nada igual. Era um rebelde, o que os americanos chamam de maverick. Não era fácil. Mas quem é?", escreveu o jornalista Kiko Nogueira, que trabalhava com Oliveira no DCM. " Pertencia ao Brasil, batalhou pelo Brasil com suas armas — a inteligência, a garra –, não desistiu em nenhum momento", disse Nogueira em homenagem publicada neste domingo.

No fim do ano passado, Oliveira lançou o livro Em carne viva com calda de chocolate, uma obra com a coletânea das suas principais reportagens. Além da esposa, Blanca, Renan deixa cinco filhos e dois netos.

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