Fábrica produzirá 60 milhões de 'Aedes' transgênicos por semana

Após cruzar com fêmeas selvagens, machos do mosquito modificado transmitem a seus descendentes um gene que os faz morrer antes da idade reprodutiva

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Por José Maria Tomazela
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SOROCABA - Uma fábrica com capacidade para produzir 60 milhões de mosquitos Aedes aegypti transgênicos por semana foi inaugurada nesta quarta-feira, 26, em Piracicaba, no interior de São Paulo. É a primeira unidade de produção em grande escala do mosquito geneticamente modificado para combater o Aedes aegypti selvagem, transmissor da dengue, da zika e da chikungunya. O volume semanal é suficiente para tratar áreas urbanas com até 3 milhões de pessoas.

A empresa Oxitec investiu R$ 20 milhões no projeto, que ocupa área de 5 mil m² e amplia em 30 vezes a capacidade atual de produção Foto: Divulgação

A empresa Oxitec investiu R$ 20 milhões no projeto, que ocupa área de 5 mil m² e amplia em 30 vezes a capacidade atual de produção. A empresa já desenvolve desde abril 2015, em parceria com a prefeitura, projeto de controle do mosquito selvagem com o uso do chamado Aedes do Bem.

No Cecap/Eldorado, primeiro bairro tratado, houve diminuição de 82% na população de larvas e de 91% nos casos de dengue - foram 133 de julho de 2014 ao mesmo mês de 2015 e apenas 12 no período seguinte. Em julho deste ano, o programa foi estendido à região central da cidade e, em setembro, a outros dez bairros, atingindo cerca de 60 mil moradores.

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O Aedes transgênico recebeu parecer favorável da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), que o considerou seguro do ponto de vista humano, ambiental, animal e vegetal. Os machos geneticamente modificados, que não picam, nem transmitem dengue, buscam as fêmeas selvagens para se reproduzir e transmitem a seus descendentes um gene que os faz morrer antes de atingirem a idade reprodutiva. Eles herdam um marcador fluorescente que permite a identificação em laboratório, possibilitando o rastreamento e avaliação dos resultados.

O projeto em Piracicaba tem caráter de pesquisa e vai custar à prefeitura R$ 3,7 milhões. 

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