Fabricante brasileira busca nos EUA avião para transportar carreta para Manaus

IBG negocia locação de aeronave de super carga para levar 40 toneladas de oxigênio líquido à capital amazonense. Logística é o maior entrave para enfrentar desabastecimento

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Única fabricante nacional de gases industriais e medicinais, a Indústria Brasileira de Gases (IBG), com sede em Jundiaí, na grande São Paulo, negocia com diversas instituições a locação de uma aeronave de super carga nos Estados Unidos para transportar uma carreta de 40 toneladas com oxigênio líquido para Manaus (AM). A logística para esse tipo de produto é mais simples do que a do gás em cilindros, mas o Brasil não dispõe de um avião cargueiro com essa capacidade.

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O sócio-presidente da IBG, Newton de Oliveira, diz que o grupo tem quatro fábricas no País dedicadas à produção de oxigênio, uma em Forquilhinha (SC) e três em Jundiaí, que operam com 50% da capacidade. Uma delas, em São Paulo, está parada “porque não tem mercado”, informa o executivo.

O grupo completou 29 anos neste sábado, 16, e tem, ao todo, 10 unidades que produzem cerca de 5 milhões de metros cúbicos de oxigênio por mês e 17 estações de enchimento de cilindros em dez Estados, mas nenhuma na região do Amazonas. Segundo Oliveira, da produção total do segmento, dominado por multinacionais, tradicionalmente 10% era destinada aos hospitais, porcentual que aumentou para 20% a 30% com a pandemia da covid-19.

Empresa com sede em Jundiaíopera com metade de sua capacidade produtiva Foto: IBG

Ontem, a Honda, fabricante de motocicletas em Manaus, adquiriu da IBG 300 cilindros de oxigênio (com 3 mil metros cúbicos de gás) que seriam transportados neste sábado pela Força Aérea até a capital amazonense e doados a hospitais locais. Outra empresa do ramo de soluções de transporte de oxigênio, a Egsa, levou 500 cilindros de pequeno porte (500 metros cúbicos) para abastecer e também serem entregues à cidade.

Oliveira afirma que tem recebido muitos telefonemas de empresas interessadas em adquirir o produto para doação, mas, embora a empresa tenha disponibilidade, o problema é o armazenamento e a logística para transporte.

A Messer, multinacional alemã que atua em 12 Estados brasileiros com 30 unidades, informa que está tomando medidas para garantir o fornecimento de gases medicinais, “inclusive por meio do preparo de nossas unidades e reforço da produção”, mas não dá detalhes de sua capacidade produtiva.

Afirma ainda que estuda meios de auxiliar no abastecimento de gás medicinal no Amazonas, ainda que não tenha operações na região Norte do País. Outra multinacional, a Air Products, também diz que busca formas de ajudar a região.

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White Martins decide reativar fábrica em Manaus

Em uma extensa nota, a White Martins, única empresa que tem fábrica em Manaus e é líder no segmento no mercado brasileiro, afirma que tem feito esforços para atender a demanda que, segunda ela, aumentou cinco vezes nos últimos 15 dias, alcançando volume de 70 mil metros cúbicos por dia, consumo que equivale a quase o triplo da capacidade nominal da unidade local, que é de 25 mil metros cúbicos/dia – volume recentemente ampliado para 28 mil metros cúbicos, limite máximo da operação.

Outra iniciativa é reativar uma fábrica que está parada desde 2009, quando o grupo construiu uma nova unidade com capacidade superior. “Deslocamos para Manaus uma equipe de 12 funcionários entre especialistas, engenheiros e técnicos para avaliar os equipamentos e viabilizar o funcionamento da planta”, informa a empresa. A unidade agregaria mais 6 mil metros cúbicos de oxigênio por dia, mas o início das operações devem ocorrer apenas entre 30 e 45 dias.

A francesa Air Liquide enviará seis carretas de oxigênio medicinal até Manaus, totalizando 147 toneladas do insumo. O carregamento partirá de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro e seguirá, por via rodoviária, até Porto Velho (RO). A partir daí, o transporte até a capital do Amazonas será feito por vias fluviais.

No último trimestre de 2020 o consumo total brasileiro de oxigênio medicinal já foi 40% superior comparado ao período pré-pandemia, segundo a Air Liquide.

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