Falta de profissionais é um grande desafio da saúde, diz OMS

Déficit de profissionais da área, superior a 4 milhões, preocupa organização juntamente com a gripe aviária

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Por Redação
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O déficit global de profissionais da saúde, superior a 4 milhões de trabalhadores, é um grande obstáculo para a área, pois deixa milhões de indivíduos no mundo sem acesso a atendimento médico e sanitário, segundo afirmação da Organização Mundial da Saúde (OMS).   O desafio é enorme, pois o número inclui 2,4 milhões de médicos, enfermeiras e parteiras, segundo os dados da OMS destacados nesta terça-feira, 20, na Assembléia Mundial que reúne representantes do setor de 193 países membros.   O problema foi posto em discussão pela princesa Muna, mãe do atual rei da Jordânia Abdullah II e que, na qualidade de patrona da OMS para a enfermagem e a obstetrícia, pediu aos ministros da Saúde que o problema da força de trabalho "fosse uma prioridade."   "Fortalecer os recursos humanos é a base para melhorar o sistema de saúde e um pré-requisito para um atendimento sanitário básico mais efetivo", manifestou a princesa.   Muna lembrou que a OMS está revisando, neste momento, sua estratégia em saúde primária, e que nessa questão é imprescindível fortalecer os recursos humanos.   A Aliança Global em prol dos Profissionais de Saúde, que reúne as principais associações de trabalhadores da área existentes no mundo, apresentou um relatório que descreve como estímulos financeiros, entre outros, são necessários para garantir a contratação dos melhores profissionais do ramo.   "Os trabalhadores sanitários são a pedra fundamental dos sistemas de saúde e precisam de condições ideais para desempenhar seu trabalho", afirmou o doutor Mubashar Sheikh, diretor-executivo da Aliança.   Vários especialistas destacaram hoje que "cada vez mais países voltam a basear o fortalecimento de seus sistemas nacionais de saúde nos princípios do atendimento primário."   A Assembléia Mundial da Saúde abordou nesta terça-feira, 20, um dos assuntos sanitários mais preocupantes: o preparo da comunidade internacional diante da ameaça da gripe aviária e a uma possível pandemia. O desafio foi citado pela diretora geral Margaret Chan como uma das grandes crises globais.   No debate, voltou-se a insistir na necessidade expressada pela OMS de se compartilhar as amostras de vírus visando encarar esta ameaça.   Muitos países em desenvolvimento, entre eles a Indonésia, onde foram registradas mais vítimas humanas da gripe aviária, reiteraram sua posição de querer dividir também os benefícios da pesquisa sobre este vírus.   Os países pobres alegam que não têm recursos nem capacidade para desenvolver pesquisas neste campo. Além disso, há um ano a Indonésia se negou a compartilhar suas amostras do vírus H5N1 até proibirem o acesso livre às vacinas.   O debate está aberto até a próxima reunião sobre a questão, que acontecerá em novembro.   Já a questão do acesso aos remédios pelos países pobres foi abordada de forma rápida, para tomar a decisão de criar um grupo de trabalho que, a portas fechadas, faça avançar as negociações sobre o nunca concluído acordo sobre as patentes e os direitos das indústrias farmacêuticas.   Nesse sentido, o ministro espanhol de Saúde, Bernat Soria, reconheceu à Agência Efe que "não se encontrou uma solução global e definitiva", e que não acredita que surja a curto prazo.   O arcebispo sul-africano Desmond Tutu, um dos convidados de honra, fez um pedido aos Governos, "guardiões da saúde para todos", para que "sequem as lágrimas de todos os rostos."   Em discurso cheio de referências espirituais, o vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1984 disse que, às vezes, diante das tragédias e do estado do mundo, tinha vontade de sussurrar ao ouvido de Deus: "Senhor, sabemos que tu estás a cargo de tudo, mas, por que não fazê-lo mais óbvio?"

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