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Faltam remédios para enfrentar gripe suína na Argentina

Governo não descarta fechar locais públicos, apesar de prejuízo diário estimado em US$ 500 milhões

Por Marina Guimarães e da Agência Estado
Atualização:

O ministro de Saúde da Argentina, Juan Manzur, reconheceu nesta quinta-feira, 2, que faltam medicamentos e insumos para enfrentar a gripe suína no país, porém anunciou que "dentro de 36 horas ou 48 horas os remédios chegarão ao interior e às farmácias".

 

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O ministro disse que o governo está seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde, mas não confirmou as versões da imprensa e de especialistas de que haveria mais de 50 mortes provocadas pela gripe no país. "É verdade que foram registradas 44 (mortes), e há outros casos sobre os quais estamos esperando as análises para confirmar se eram portadores do vírus", afirmou, sem divulgar números.

 

Manzur não descartou a possibilidade de determinar o fechamento dos locais públicos do país. "Tomamos uma série de medidas e precisamos esperar de 48 a 72 horas para ver a evolução. Se for necessário, adotaremos medidas mais drásticas", disse. Uma medida extrema como o fechamento dos lugares públicos, a exemplo do que ocorreu no México, poderia causar um prejuízo diário ao país da ordem de US$ 500 milhões, equivalente a 50% do Produto Interno Bruto, segundo informou o jornal El Cronista.

 

Queda nas vendas

 

As autoridades recomendam à população que não frequente teatros, cinemas, restaurantes, shopping e cancele as viagens de férias. Somente com essa recomendação, as agências de viagens calculam uma queda de 30% de suas vendas. Na Argentina, é uma tradição e um prêmio ao estudante que termina o secundário realizar uma viagem de comemoração a Bariloche, mas a pedido do governo as operadoras adiaram as datas dos pacotes.

 

"A ordem das autoridades de Turismo é de que não reforcemos a situação, para não gerar pânico, mas a verdade é que os clientes estão cancelando, sim", reconheceu o dono de uma agência de turismo que opera diretamente com o Brasil. Segundo ele, cerca de 30% dos pacotes da agência para julho já foram cancelados.

 

Os produtores de teatro temem um fracasso nas obras teatrais preparadas para as férias de inverno. O gerente de um dos teatros da famosa Avenida Corrientes disse que vários espetáculos já foram adiados. "A crise que provocou desemprego e temor em relação a gastos já nos levou a uma perda de 25%, comparativamente ao primeiro semestre do ano passado", disse ele, que preferiu não se identificar.

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Os comerciantes, por sua vez, anteciparam as liquidações da temporada. "Normalmente, fazemos as liquidações em meados ou final de julho, mas não sabemos onde essa epidemia vai nos levar e preferimos antecipar", explicou a gerente de uma importante loja de marca de roupas femininas do país. Ela também optou por não se identificar.

 

No comércio varejista, as expectativas são de que a situação na Argentina chegue a um ponto extremo que levará ao fechamento de todos os lugares públicos. De fato, vários municípios no interior já cancelaram todas as atividades culturais, esportivas, sociais e fecharam os estabelecimentos comerciais. A primeira cidade a tomar essa medida foi Pergamino, na última terça-feira, 30, e nesta quinta-feira Quilmes, Morón, Ituzaingó e outras fizeram o mesmo.

 

A decisão de Pergamino provocou um efeito dominó, mas em Buenos Aires, onde foi registrado o maior número de mortes e contágios, essa hipótese é descartada com veemência pelo governo. "Parar um país tem um custo social, econômico e psicológico muito grande", explicou o infectologista da Universidade de Buenos Aires, Horacio López.

 

Empresas orientam funcionários

 

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As grandes empresas estão orientando seus funcionários a não comparecer ao trabalho em caso de sintomas de gripe. A concessionária dos principias aeroportos do país, Aeropuertos Argentina 2000, criou um comitê de crise, formado por profissionais de saúde, para acompanhar a doença entre os funcionários. As cadeias de supermercados Carrefour e Wal-Mart tiveram reação similar e também oferecem álcool em gel nas prateleiras aos clientes e funcionários.

 

Nas farmácias, o álcool e as máscaras estão esgotados. As recepcionistas de empresas como Telefônica, Edesur, Personal e outras higienizam as mãos com o álcool em gel à disposição nos balcões de atendimento. As montadoras Ford, Peugeot e Renault enviaram mensagens de alertas por e-mail. Em geral, as companhias estão com ampla campanha de divulgação entre os funcionários sobre as medidas de prevenção e como atuar em caso de sintomas da gripe.

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