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'Ficou esperando equipamento e morreu sem poder respirar', diz jovem sobre padrasto de 38 anos

Família foi à Justiça para conseguir pulmão superficial para Marcos, mas ele não resistiu enquanto esperava o aparelho

Por Fábio Bispo
Atualização:

*Depoimento de Larissa Rafaela Marques, 20, enteada de Marcos Evandro Drumm, 38, que mesmo com decisão judicial para receber tratamento específico contra a covid-19 acabou entrando para as estatísticas de mortes sem o tratamento adequado.

"O Marcos era supervisor de loja, viajava o Estado (de Santa Catarina) inteiro atendendo clientes. Moramos em Xaxim, no Oeste, e eu o tinha como um pai. Éramos muito amigos e ele era uma pessoa maravilhosa. Ele e minha mãe tinham planos de construir uma casa. Era uma pessoa que gostava das coisas simples da vida, cheia de sonhos.

Marcos Evandro Drumm, 38, conseguiu uma decisão judicial para receber tratamento específico contra a covid-19,mas morreu sem o tratamento adequado Foto: Arquivo Pessoal

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No dia 6 de fevereiro, ele precisou ser internado. Foi para Chapecó, mas a situação lá está um caos e ele piorou. Foi transferido para Rio do Sul, perto de Blumenau. O médico, então, disse que ele precisava desse equipamento, um pulmão artificial. Você não imagina como corremos atrás desse aparelho. Custa R$ 200 mil, mas nem comprar podíamos, porque não vendem para pessoa física. Aí descobrimos que tinha um aparelho disponível em um hospital privado em Blumenau. Procuramos políticos, médicos, o Estado, mas sempre falavam a mesma coisa: que tinha uma burocracia a ser cumprida. Conseguimos uma decisão judicial que obrigava o governo a fornecer o aparelho em 48 horas. Achamos onde tinha o equipamento, mas ninguém fez nada. É um sentimento de frustração. 

Tinha equipamento, era uma questão de as pessoas terem entendido melhor a situação, a burocracia ter sido menos rígida. Foi essa burocracia que matou o Marcos, que ficou esperando, esperando e o equipamento nunca chegou. Até que ele morreu sem poder respirar."

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