Fiocruz testa remédio que pode prevenir contaminação por HIV

200 homossexuais foram cadastrados para pesquisas com o Truvada, medicamento que já faz parte do coquetel

PUBLICIDADE

Por Fabiana Cimieri
Atualização:

A Fundação Oswaldo Cruz iniciou o cadastramento de 200 voluntários homossexuais que irão participar de uma pesquisa mundial para determinar se o medicamento comercializado com o nome de Truvada, já utilizado no coquetel antiaids, pode também prevenir a contaminação pelo HIV. Veja também: Quênia debate circuncisão como meio de evitar a aids Epidemia de aids no mundo  Um estudo publicado em 2006 demonstrou que a droga teve 97% de eficácia para prevenir a infecção pelo HIV em macacos. O Truvada é um medicamento já aprovado pelo Foods and Drugs Administration (FDA, órgão que controla medicamentos nos EUA) que combina em comprimido o tenofovir e a emtricitabina. É usado em vários países, inclusive no Brasil, no tratamento de HIV/Aids. "Há outros modelos de estudos em andamento, mas essa droga é a que se mostrou mais promissora", disse o infectologista do Instituto de Pesquisas Clínicas e coordenador do estudo na Fiocruz, Jorge Eurico Ribeiro. O estudo global está sendo conduzido pela Universidade de São Francisco e é patrocinado pelo National Health Institute, o ministério da saúde norte-americano, e pela Fundação Bill Gates. Reúne 3.000 voluntários de seis países, que serão acompanhados por um ano e meio. O Truvada foi escolhido por ser um medicamento seguro, com poucos efeitos colaterais e já foi utilizado por cerca de 150 mil pessoas. O comprimido será tomado um vez ao dia por metade dos voluntários. A outra metade irá tomar placebo. "Se o número de infecções for menos no grupo que recebeu o Truvada, isso pode indicar que ele é eficaz na prevenção da contaminação. Se o índice de novas infecções for baixo em ambos os grupos, teremos conseguido uma forma de aconselhamento que efetivamente reduziu o risco HIV", explicou Ribeiro, ressaltando que a equipe da Fiocruz está efetivamente comprometida em diminuir os índices de infecção. Durante as 72 semanas da pesquisa, os voluntários serão examinados e farão exames mensalmente, além de responderem a um questionário anônimo sobre o seu comportamento sexual no período. Ribeiro enfatizou que o grupo receberá camisinhas e orientações de como evitar a contaminação. "Vamos acompanhar um grupo de alto risco e cruzaremos as informações que eles nos darão com os exames para chegar ao resultado", explicou Ribeiro. Os voluntários têm de ser homens que façam sexo com homens, tenham no mínimo 18 anos e sejam HIV negativo, saudáveis e sexualmente ativos. O fabricante do Truvada, o laboratório Gilead Sciences está fornecendo os comprimidos para o estudo, mas não participou do desenho, implementação ou aplicação do estudo, informou Ribeiro. "O estudo está totalmente de acordo com padrões éticos e foi aprovada pela Fiocruz e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) do Ministério da Saúde", disse ele.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.