Fumo passivo mata mais de sete brasileiros ao dia, diz estudo

Cálculo relizado pelo Instituto Nacional do Câncer e UFRJ é o primeiro levantamento do tipo feito no Brasil

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Por Redação
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A cada dia, pelo menos sete brasileiros morrem por doenças provocadas pela exposição passiva à fumaça do tabaco, diz o estudo Mortalidade Atribuível ao Tabagismo Passivo na População Brasileira, realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e do Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da UFRJ.   A maioria das mortes ocorre entre mulheres (60,3%). A exposição passiva ocorre quando uma pessoa que não está fumando se encontra em um ambiente onde há fumaça de tabaco.    Explicação do estudo (em ppt)   Os pesquisadores levaram em conta as três principais doenças relacionadas ao tabagismo passivo: câncer de pulmão, doenças isquêmicas do coração - como enfarte - e acidentes vasculares cerebrais. Definiu-se como fumantes passivos as pessoas que nunca fumaram, mas que moravam com pelo menos um fumante no mesmo lar. Somente indivíduos na faixa etária de 35 anos ou mais foram alvo do estudo. Fumantes e ex-fumantes não fizeram parte da população avaliada.   De cada 1.000 mortes por doenças cérebro-vasculares, 29 são atribuíveis à exposição passiva à fumaça do tabaco. A proporção é de 25 para 1.000 no caso de doenças isquêmicas e de 7 para 1.000 mortes por câncer de pulmão. O número de mortes de mulheres é de 1,3 a 3 vezes mais elevado que o de homens. Das 2.655 anuais computadas no estudo, 1.601 foram de mulheres. A faixa etária que registra maior ocorrência, tanto em homens quanto em mulheres, é de 65 anos ou mais.   Em nota, o Inca destaca que esta é a primeira pesquisa do gênero realizada no Brasil, e que os resultados representam apenas uma parcela da mortalidade atribuível à exposição passiva à fumaça do tabaco. O estudo não levou em conta outras causas de morte possivelmente associadas ao tabagismo passivo, como síndrome da morte subida da infância e doenças respiratórias crônicas. Também não foram avaliadas doenças da infância e período neonatal.   Os pesquisadores escolheram as três doenças avaliadas no estudo porque para elas existem fortes evidências científicas de relação entre a exposição passiva à fumaça do tabaco e morte entre adultos, de acordo com relatório do US Surgeon General (o equivalente a ministro da Saúde dos Estados Unidos) elaborado em 2006. Para calcular a mortalidade atribuível ao tabagismo passivo, foi usado o número de mortes causadas por essas doenças, levantado no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, no período de 2002 a 2004.   Os cálculos incluem, além do número de mortes, dados sobre prevalência, ou seja, sobre a proporção da população exposta ao tabagismo passivo. A fonte dessas informações foi o Inquérito Domiciliar Sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida de Doenças e Agravos não Transmissíveis, realizado em 15 capitais brasileiras e Distrito Federal pelo Inca e Secretaria de Vigilância em Saúde em 2003. A população de estudo do Inquérito foi representada por 23.457 indivíduos, residentes em 10.172 domicílios.   A terceira parte do cálculo envolveu  o risco relativo de morte de não-fumantes expostos ao tabagismo passivo, em relação aos não expostos. Para isso, foram usados os parâmetros de três estudos internacionais.

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