PUBLICIDADE

Genéricos garantem expansão de laboratórios brasileiros

Por Agencia Estado
Atualização:

Os laboratórios brasileiros estão crescendo rapidamente e ocupando o espaço de grandes indústrias multinacionais. A principal explicação para esse avanço está na produção dos medicamentos genéricos: enquanto o mercado geral de medicamentos cai no País, os genéricos vendem cada vez mais. No ano passado, as vendas da indústria farmacêutica em todo o País cresceram apenas 1%. Quando se leva em conta o número de unidades, o mercado caiu 2,3%. Já o segmento de genéricos cresceu 29,1% em 2005, e as principais empresas que atuam no setor, como EMS-Sigma Pharma, Medley e Aché (que comprou o Biosintética, forte no segmento, no ano passado) têm registrado crescimento nas vendas superior a 30%. As vendas da EMS cresceram 37,7% em 2005, chegando a R$ 983 milhões. Em fevereiro, a empresa chegou a ocupar a segunda posição em unidades vendidas no ranking da IMS Health, a auditoria oficial do setor farmacêutico, ultrapassando a Aché, que em março voltou à segunda posição. A liderança do mercado brasileiro é do laboratório francês Sanofi-Aventis. De acordo com Telma Salles, diretora de Relações Externas da EMS-Sigma Pharma, o crescimento só foi possível devido a aposta nos genéricos. "Crescemos 154% em cinco anos, o que nos fez saltar do 13º para o 3º no ranking nacional", diz Telma. Hoje, os genéricos correspondem a 30% do portfólio da empresa, que tem cerca de 1 mil produtos. A meta do laboratório para este ano é continuar crescendo ao ritmo de 30%, encostada no Aché, o vice-líder de mercado. A Medley disputa acirradamente com a EMS a liderança entre os fabricantes de genéricos. De 2000 para cá, o faturamento da empresa tem crescido em média 25% ao ano. Em março, a empresa conquistou a maior participação de mercado de sua história, com 31,79% do segmento de genéricos. De acordo com o presidente da empresa, Jairo Yamamoto, esse mercado deve continuar crescendo, mas em patamares menos elevados. "O genérico tomou espaço do medicamento de marca, mas não houve um avanço em termos de acesso da população aos medicamentos", diz Yamamoto. Segundo Enrico de Vettori, gerente sênior da consultoria Delloite, o crescimento das empresas foi motivado também por investimentos de risco. "As empresas souberam se preparar para a oportunidade de mercado que lhes foi dada, com a Lei dos Genéricos", diz. "Elas investiram em pesquisa e modernizaram sua gestão." Cópias - A EMS, no entanto, tem sido acusada de usar estratégias pouco elegantes para vender os seus genéricos de medicamentos sem prescrição. Quatro laboratórios internacionais - Bayer, Aventis, Boheringer e Procter&Gamble-movem ações na Justiça contra a empresa, acusada de copiar as embalagens de medicamentos conhecidos como o Buscopan e o xarope Vick. A empresa afirma que só se inspira nas embalagens dos produtos de marca para orientar o consumidor. "Acreditamos que a similaridade das embalagens orienta o consumidor, e não há lei que nos proíba de produzir embalagens parecidas", diz Telma, da EMS. Segundo ela, copiar as embalagens não impacta diretamente as vendas. "O medicamento sem prescrição não chega a representar 5% do nosso faturamento", diz. A Associação dos Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip) entrou na briga contra a EMS, por entender que as embalagens copiadas confundem o consumidor. "A embalagem é um direito comercial da marca, que não pode ser inflingido. Copiar embalagens é ilegal", ressalta Aurélio Saez, diretor executivo da Abimip.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.