23 de abril de 2021 | 12h40
Atualizado 23 de abril de 2021 | 17h43
O governo de São Paulo informou nesta sexta-feira, 23, que o número de mortes pela covid-19 no Estado caiu 23,6% em relação à semana anterior. É a primeira vez que a taxa é reduzida em oito semanas, simultaneamente a outros dois índices: o total de novos casos, que diminuiu 14,3% no período, e o de internados, 6% menor. A queda ocorre a adoção de políticas de isolamento social (as fases vermelha, emergencial e de transição), quando a gestão João Doria (PSDB) fechou o comércio, templos religiosos e escolas para evitar o colapso do sistema de saúde.
A média diária de mortes, segundo o governo, é de 621 na atual semana epidemiológica. Na semana anterior, o Estado havia atingido o recorde de 813 mortes por dia. O patamar atual de óbitos pelo novo coronavírus é mais baixo do que o registrado nas últimas três semanas, mas é superior ao que vinha sendo registrado até o fim de março.
Por isso, especialistas se preocupam que as flexibilizações se reflitam em nova alta de contágio e pressão sobre os hospitais. O governo estadual já liberou escolas, igrejas, lojas e shoppings. A partir deste sábado, 24, reabrem os restaurantes, academias, salões de beleza, parques, teatros e cinemas. Já o ritmo da vacinação no Brasil ainda segue aquém da capacidade da rede pública, diante da dificuldade da gestão Jair Bolsonaro de oferecer doses.
A taxa de ocupação dos leitos de UTI na Grande São Paulo está em 79,2%. No Estado, o índice é de 81,1%. "Já vínhamos apresentando queda de internações há quatro semanas. É a primeira vez nesse período que temos queda nos óbitos. Esses dados nos trazem alento e esperança", disse o secretário de Saúde Jean Gorinchteyn.
A média de casos já vinha apresentando queda há duas semanas e, dessa vez, passou de 14.921 para 12.784 infectados. Apesar da diminuição, o número segue mais alto do que vinha sendo verificado até o início de março.
O Estado também falou sobre o andamento da Butanvac, vacina que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com um consórcio internacional. Na manhã desta sexta-feira o instituto soliticou à Anvisa autorização para início dos testes em humanos da vacina. Em março, o Butantan já havia mandado um dossiê com o desenvolvimento clínico do imunizante. "Será a primeira vacina fabricada integralmente no Brasil, sem a necessidade de importação de matéria-prima", lembrou o vice-governador Rodrigo Garcia.
Dimas Covas, diretor do Butantan, falou que a autorização solicitada é para os estudos de fase 1 e 2. Neles os pesquisadores pretendem comparar a nova vacina com as outras já existentes para testar sua eficiência. A fase inicial vai testar a segurança da vacina, ou seja, os possíveis efeitos adversos relacionados a ela. A segunda etapa vai verificar a imunogenicidade da vacina, ou seja, a resposta imunológica gerada.
A fase de estudos está prevista para durar 20 semanas. A partir da 16ª semana, em setembro, os primeiros resultados dos testes devem ser divulgados e o instituto vai poder pedir o uso emergencial do imunizante, projetou Covas. Até julho o instituto pretende fabricar 40 milhões de doses da vacina que ficarão aguardando autorização da Anvisa para serem aplicadas.
Covas afirmou que quando a Anvisa aprovar o início do estudo o Estado vai anunciar os locais onde ele será conduzido e como as pessoas podem participar dos testes. A vacina será testada em adultos que já foram vacinados contra a covid-19, em adultos que já tiveram contato com o coronavírus e em adultos que nunca foram infectados pelo vírus. Não há data definida para que isso ocorra.
A partir deste sábado estará liberado o funcionamento do setor de serviços no Estado, incluindo salões de beleza, restaurantes, academias e parques. Os estabelecimentos comerciais, salões de beleza, atividades culturais e restaurantes (consumo local) podem funcionar das 11h às 19h. As academias podem funcionar durante 8 horas por dia no intervalo entre as 6h e as 19h. Os parques podem funcionar das 6h às 18h.
O toque de recolher das 20h às 5h ainda está em vigor. Os estabelecimentos podem operar com capacidade de 25% e devem estar atentos aos protocolos sanitários. Atividades administrativas não essenciais devem continuar em teletrabalho.
O governo disse também que vai apoiar a vacinação dos municipios com R$ 33 milhões para a compra de insumos e o pagamento de equipes de atendimento de vacinação. Regiane de Paula, coordenadora do Plano Estadual de Imunização, falou que o Estado tem capacidade para vacinar um milhão de pessoas por dia. Para isso, precisa de mais vacinas.
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