Governo do DF suspende aulas e eventos públicos por 5 dias por causa de coronavírus  

Brasília tem dois casos confirmados de coronavírus até o momento, além de outras 72 pessoas que estão em observação. Ministro da Saúde criticou decisão

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Por André Borges , Julia Lindner , Idiana Tomazelli e Jussara Soares
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BRASÍLIA – O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, decidiu suspender as aulas em escolas públicas e privadas do DF e eventos públicos pelos próximos cinco dias, devido aos riscos de contaminação pelo novo coronavírus. Um  decreto deve ser publicado nas próximas horas, suspendendo as atividades a partir da zero hora desta quinta-feira, 12.

'É uma decisão de precaução', disse o governador Foto: Dida Sampaio/Estadão

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Além das escolas e eventos públicos, ficam suspensas todas as atividades que necessitam de alvará do governo do DF, como shows missas e eventos como o UFC, que receberia 15 mil pessoas no próximo fim de semana. 

“É uma decisão de precaução. As pessoas estão voltando de férias, há falta de kits para atendimento médico. Então, é prudente ter menos pessoas circulando. Precisamos organizar o sistema de saúde”, disse Ibaneis ao Estado. “Serão cinco dias de paralisações, podendo ser prorrogáveis por mais cinco.”

Brasília tem dois casos confirmados de coronavírus até o momento, além de outras 72 pessoas que estão em observação. A paralisação das escolas vai deixar cerca de 500 mil alunos em casa. Além disso, uma série de eventos públicos que estavam marcados terá de ser reagendada.

A primeira paciente diagnosticada com coronavírus está internada em estado grave no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), região central de Brasília. O marido da paciente também teve contaminação confirmada, mas só concordou em fazer os exames depois de ser acionado judicialmente pelo governo do DF. 

“Nossa preocupação é que esse homem teve contato com muita gente enquanto se negava a fazer seus exames”, disse Ibaneis. O homem, que está em boas condições de saúde, está isolado em sua casa.

Ministro da Saúde critica medida

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O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, questionou a eficácia da decisão do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha. Para Mandetta, a medida, neste momento, pode ter o efeito inverso ao desejado, que é proteger idosos e evitar uma eventual superlotação do sistema de saúde público. "Hoje, neste momento, ainda não (é uma recomendação do Ministério da Saúde)", disse Mandetta a jornalistas.

Ele argumentou que, ao tirar crianças e adolescentes das escolas, que não fazem parte do grupo de risco, elas podem ficar em casa e transmitir o Covid-19 aos idosos, que fazem parte grupo que demanda maior preocupação e atenção da pasta, já que a taxa de letalidade é maior para eles.

"Quando você tira a criança ela fica com quem? Com os idosos. E quem que ele (Ibaneis) quer proteger? 30% das crianças são assintomáticas, 60% têm casos leves, vão ficar com as avós? Daqui a uma semana você vai ter os idosos todos batendo no hospital", disse o ministro.

"É complicado, porque caso essas crianças e adolescentes deixem de estar na escola e vão para a casa dos avós, aqueles que mais precisam proteção são os idosos, ele não tem transmissão sustentada no DF, pode ser que faça uma semana e comece transmissão sustentada... Aí começa o caso dos idosos, que são aqueles que mais você quer proteger" reforçou em outro momento.

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