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Grande SP tem 89% dos leitos de UTI ocupados e vai começar a transferir pacientes para o interior

Informação foi divulgada em entrevista coletiva da Secretaria Estadual da Saúde nesta quinta-feira, 30

Foto do author João Ker
Por Paloma Côtes e João Ker
Atualização:

SÃO PAULO -  A Grande São Paulo já tem 89% dos leitos de UTI ocupados diante da crise do novo coronavírus e vai começar a transferir pacientes para o interior do Estado no final de semana. A informação foi dada pelo secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann. No Estado, a taxa de ocupação dos leitos de UTI é de 69,3%. De acordo com o balanço, 8,6 mil pessoas internadas em hospitais no Estado de São Paulo, sendo 3.305 pacientes em UTI.

"Trabalhamos com cenários. Vamos adicionar recursos, insumos e leitos novos. Agora, como houve defasagem de chegada de respiradores, vamos usar, por um tempo, essa transferência de pacientes para o interior", disse Germann. "A transferência será da Grande São Paulo para o interior. Estamos falando de um interior muito próximo. Mas precisamos lançar mão disso, pelo menos por alguns dias", completou.  

José Henrique Germann, secretário de Saúde do Estado de São Paulo, durante coletiva de imprensa sobre o coronavirus no Palácio dos Bandeirantes Foto: Governdo do Estado de São Paulo

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Em enfermaria, há 5.295 pacientes internados. Nesses leitos, a taxa de ocupação é de 73% na região metropolitana e de 48% no Estado.

Epicentro da doença no País, São Paulo tem 2.375 mortes pelo novo coronavírus, 128 registradas nas últimas 24 horas, um aumento de 6% em relação ao balanço de quarta-feira. O total de casos confirmados é de 28.698, um aumento de 10%. De acordo com a secretaria estadual da Saúde, houve um aumento de 1.345% no número de mortes na comparação com 1º dia do mês, quando havia 164 óbitos. Ao longo do mês, o número de mortes também evoluiu cerca de dez vezes na capital paulista, passando de 114 para 1.522. Segundo o balanço, praticamente metade das cidades do Estado já contam com casos ou mortes do novo coronavírus.

"Estamos em uma fase de aceleração da doença", afirmou o diretor do Instituto Butantã, Dimas Tadeu Covas.

O Estado de São Paulo tem 2.500 profissionais de saúde afastados do trabalho por causa do novo coronavírus. 

Isolamento social

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A taxa de isolamento no Estado caiu e ficou em 47% nesta quarta-feira. O índice vem preocupando o governo, pois está abaixo da meta, que é de 60%. O ideal, para evitar o colapso do sistema de saúde, seria uma taxa de 70%. 

A gestão Doria estuda uma flexibilização na quarentena, mas o próprio governador, que não participou da coletiva desta quinta-feira, 30, já disse que a flexibilização não será possível se o índice se mantiver neste patamar. Doria tem feito teleconferências com prefeitos para discutir as medidas.

Nesta quinta, o secretário municipal de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, disse que a capital vai ampliar a quarentena de tomar medidas mais restritivas para conter a circulação do vírus. 

Reunião com Ministério da Saúde

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De acordo com o chefe do Centro de Contigência da Covid-19, David Uip, aconteceu nesta quinta-feira uma reunião entre a Secretaria Estadual da Saúde e o Ministério da Saúde, com a presença do ministro Nelson Teich. Segundo Uip, o ministro defendeu a manutenção do isolamento social e também falou sobre a dificuldade da compra de insumos, principalmente de respiradores. 

Na reunião, o Estado de São Paulo demandou ao governo federal o credenciamento de mais 2.783 leitos de UTI específicos para tratamento de pacientes com covid-19. Até o momento, segundo Uip, foram habilitados 734 leitos. "A habilitação é imprescindível. Isso significa um repasse financeiro de R$ 292 milhões", afirmou. 

O Estado também pediu 100 respiradores, para serem entregues em 15 dias. Esses respiradores devem ser destinados ao Hospital das Clínicas. O HC já tem 200 leitos de UTI para covid-19, deve ativar mais 100, mas precisa de outros 100. Uip afirmou ainda que requisitou 4 milhões de testes rápidos, além de 20 milhões de insumos, entre EPIs para leitos de UTI, máscaras N-95 e medicamentos emergenciais, entre eles a cloroquina. 

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Germann listou os gastos com a epidemia no Estado. São Paulo já gastou R$ 480 milhões com o combate à covid-19, com recursos do Ministério da Saúde, e outros R$ 1,6 bilhão com recursos do Tesouro do Estado.

Questionados na entrevista sobre a fala do presidente Jair Bolsonaro, que na manhã desta quinta-feira, 30, acusou "governadores e prefeitos de não "achatarem a curva" de contágio da doença e questionou, em especial, os óbitos em São Paulo, Germann respondeu lendo uma nota oficial. O texto diz que "a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo lamenta a fala enviesada e irresponsável do Presidente da República Jair Bolsonaro, que ignora que o fato que o isolamento social em São Paulo é fator determinante para o achatamento da curva, e consequentemente diminuição no número de infectados e de doentes que precisam de UTI, evitando um colapso no sistema público de saúde."

O texto diz também que: "ao contrário do que disse o Presidente, São Paulo publicou resolução em Diário Oficial que protege a sua população. Com o objetivo de fortalecer as medidas de segurança dos profissionais da saúde, pacientes e do serviço funerário, a Secretaria de Estado da Saúde definiu protocolos de prevenção que preveem que os profissionais das unidades de saúde possam emitir a Declaração de Óbito dos casos relacionados a covid-19. É fundamental esclarecer que o documento emitido nesses casos é um registro não confirmatório para covid-19 - a confirmação ocorre apenas se o teste comprovar a infecção pelo coronavírus, com diagnóstico por laboratórios já validados na rede de saúde."  

Testes

Diante do avanço do novo coronavírus no Estado de São Paulo, a gestão Doria anunciou uma estratégia ampliada de testes. A capacidade de testagem atualmente é de 5 mil amostras por dia. 

Testes rápidos deverão ser implementados no Estado até o dia 15 de maio e serão feitos em pessoas assintomáticas. Esses testes devem ser aplicados em grupos de profissionais de saúde, policiais civis, militares e bombeiros, detentos, internos da Fundação Casa, doadores de sangue e em pessoas que vivem em asilos. Pessoas assintomáticas que tiveram contato com doentes também serão testadas dessa forma. 

"Neste momento, estamos aplicando os testes em casos graves, internados, também em casos de óbitos e em profissionais de saúde", afirmou Covas Tadeu.

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O Estado também quer implementar, em uma segunda fase, testes de RT-PCR em pessoas que tiveram contato com pacientes internados. A gestão Doria tem como meta 27 mil testes por milhão de habitantes. Haverá um aplicativo que ajudará a contabilizar esses testes no sistema de saúde e possibilitará ao paciente receber o diagnóstico e as orientações para a doença. Mas a plataforma ainda não está pronta. 

São Paulo chegou a ter 17 mil exames de covid-19 em fila, mas o número já foi zerado. O governo vinha tendo dificuldade com a aquisição de insumos e encomendou testes no exterior para acelerar os diagnósticos. Também foi montada uma rede de laboratórios, que conta com instituições públicas e particulares. 

Também nesta quinta, o governo de São Paulo recebeu um lote de mais de 7 milhões de máscaras adquiridas da China. 

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