HC promove orientação gratuita sobre doenças auditivas

Programação nesta 5ª inclui palestras sobre surdez, cirurgias, tosse, rinite, zumbido e câncer

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Por Redação
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SÃO PAULO - Ruídos acima de 85 decibéis podem ser tolerados pelo ouvido humano por até 8 horas seguidas de exposição. Já barulhos superiores a 115 decibéis podem causar lesões auditivas sérias em apenas 1 minuto. Para alertar sobre as causas da surdez e informar técnicas de prevenção, o Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP, ligado à Secretaria de Estado da Saúde, realiza nesta quinta-feira, 2, em parceria com a Fundação de Otorrinolaringologia, o "Encontro entre Médicos Otorrinolaringologistas e Pacientes", no Centro de Convenções Rebouças. A entrada é gratuita e aberta à população. Palestras sobre surdez, cirurgias, tosse, rinite, distúrbios do equilíbrio, zumbido e câncer estão na programação. De acordo com a otorrinolaringologista do HC e especialista em audição, Mara Gândara, a situação é alarmante, pois circunstâncias e atitudes consideradas comuns - como o trânsito de grandes avenidas e o uso de fones para ouvir música - podem ultrapassar esses limites. De acordo com a médica, volumes próximos a 80 decibéis, por exemplo, começam a trazer problemas somente quando suportados por mais de 8 horas diárias e após 10 anos de exposição. "O uso de um simples protetor auricular pode evitar grande parte dos problemas", afirma, citando, como grupos de risco, pessoas que ficam muito tempo no trânsito, policiais expostos ao estampido de armas de fogo, trabalhadores que usam britadeiras, jovens que frequentam baladas e pessoas que residem próximo a aeroportos. Para a especialista, a troca de informações que o encontro promovido pelo HC proporcionará é importante, pois cada vez mais pessoas estão usando novas tecnologias que, quando mal empregadas, podem acarretar danos. "Muitos pais estão 'dando' uma surdez ao filho ao presenteá-lo com um iPod ou MP3", alerta. Mara explica que o fone faz com que a música entre pelo condutor auditivo externo e jogue o som alto direto na membrana timpânica, podendo chegar a 120 decibéis sem ter por onde se dispersar. "Hoje, são encontrados jovens com lesão na orelha semelhante à de um serralheiro que trabalha há 15 anos sem proteção", compara. Em recente medição de sons nas ruas de São Paulo, a médica verificou que, em grandes avenidas, como a Teodoro Sampaio, os ruídos de ônibus chegam a 116 decibéis na subida. "O som se dispersa pelo ar, mas, quando o indivíduo se expõe continuamente a essa situação, pode ocorrer uma lesão", explica. A perda auditiva atinge também o lado psicológico. O fato de não ouvir bem deixa a pessoa mais irritada, o poder de concentração diminui e os relacionamentos são afetados. "Elas passam a aumentar muito o volume da televisão e do rádio, pedem para os outros repetirem exaustivamente o que disseram e, finalmente, mudam de hábitos, tornando-se muito introspectivas", enumera.

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