Homossexualidade pode ter base genética, diz estudo

Cientistas dos EUA conseguem modificar orientação sexual de vermes manipulando genes

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Por BBC Brasil
Atualização:

Biólogos da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, conseguiram manipular geneticamente um grupo de nematóides (vermes) para que fossem atraídos por animais do mesmo sexo. A experiência traz novas evidências de que a orientação sexual de um indivíduo pode ser profundamente influenciada por fatores genéticos. Apesar de os nematóides serem organismos simples, e de ser difícil aplicar em humanos os mesmos parâmetros, os cientistas acreditam que a descoberta da existência de um "caminho" biológico para as preferências sexuais oferece pistas sobre a sexualidade humana. "Nossa conclusão é que a atração sexual está instalada em circuitos cerebrais comuns a ambos os sexos de nematóides", disse Erki Jorgensen, chefe da equipe que organizou o estudo. Os nematóides são organismos de até um milímetro de comprimento, que vivem na terra e se alimentam de bactérias. Eles não têm olhos, então a atração sexual é determinada pelo olfato. Cerca de 99,9% deles são hermafroditas e o resto é de machos. Para se reproduzir, os hermafroditas não precisam se acasalar, mas preferem fazê-lo se encontram um macho. Já os machos sempre precisam dos hermafroditas para a reprodução. No estudo, publicado na revista científica Current Biology, os pesquisadores ativaram um gene chamado fem-3 em espécies hermafroditas. Esse gene faz o organismo do nematóide se desenvolver como macho, com neurônios e estruturas de cópula específicas. Na experiência, o fem-3 foi ativado apenas no cérebro. Portanto, os animais desenvolveram neurônios masculinos, enquanto mantiveram características hermafroditas no resto do corpo. Apesar disso, eles se comportaram como machos, tentando se acasalar e fertilizar outros hermafroditas. "Existe um debate sobre se o cérebro é influenciado por hormônios sexuais produzidos nas glândulas sexuais ou se um comportamento é derivado apenas da função cerebral", disse Jorgensen. "Neste caso, está claro que o cérebro é sexualizado." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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