Hospitais de São Paulo desenvolvem ações informativas sobre o sarampo

Casos em número expressivo não são registrados há ao menos 20 anos no Estado

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Por Paula Felix
Atualização:

Para agilizar o diagnóstico de casos de sarampo em caso de ocorrências em São Paulo, hospitais estão desenvolvendo ações para fornecer informações sobre os principais sintomas para os profissionais, tendo em vista que casos em número expressivo não são registrados há ao menos 20 anos no Estado.

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"Há duas semanas, fizemos o nosso primeiro informe por e-mail para todos os coordenadores-médicos e  chefes de equipe informando sobre os casos de sarampo em Roraima e no Amazonas e chamando a atenção para a Copa, porque mais de 60 mil brasileiros foram para a Rússia, que está tendo casos da doença", explica o infectologista Francisco Ivanildo de Oliveira Júnior, gerente de qualidade e do serviço de controle de infecção hospitalar do Sabará Hospital Infantil.

Hospital Sírio-Libanês prepara treinamento para profissionais Foto: Rafael Arbex/Estadão

Ele diz que o hospital já tem um canal de comunicação que atualiza os profissionais quando há aumento de casos de alguma doença e que, no caso do sarampo, o objetivo é oferecer informações sobre o quadro clínico, isolamento do paciente em caso de internação e orientações para quando ele voltar para casa.

Os casos em Roraima também fizeram com que as ações fossem intensificadas no Hospital Beneficência Portuguesa, que está oferecendo informações sobre diagnóstico e condutas para profissionais do pronto-socorro e em sua rede de clínicas e consultórios médicos.

O Hospital Alemão Oswaldo Cruz começou a abordar o tema com toda a equipe do hospital no início do mês passado. "Esses alertas, no caso do sarampo, também têm um enfoque clínico, para os principais sintomas. Essa doença não ocorre como rotina há muitos anos e parte do corpo clínico nunca viu esse quadro. A chance de o médico não pensar em sarampo é frequente, principalmente na fase inicial, quando os sintomas são semelhantes a outras doenças infecciosas nesta época do ano", diz Filipe Piastrelli, infectologista do hospital.

No Hospital Sírio-Libanês, os profissionais estão recebendo todos os  informes sobre a doença distribuídos pelo Ministério da Saúde e a Secretaria de Estado da Saúde. "(O hospital) está planejando, para início o mais rápido possível, treinamento de médicos e enfermeiros que atuam nos pronto atendimentos para reconhecimento dos sintomas da doença. O hospital já tem um fluxo para doenças contagiosas, no qual se inclui o sarampo, agora, é para reconhecer os sintomas da doença", afirma a infectologista Maura Salaroli de Oliveira, gerente-médica do comitê de controle de infecções hospitalares.

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A rede de Hospitais São Camilo de São Paulo informou que está seguindo as ações recomendadas pelo Ministério da Saúde para a identificação dos casos suspeitos. "Como os que apresentam febre e exantema, independentemente do histórico vacinal, provenientes de áreas em que houver casos de sarampo, além de medidas de suporte clínico dos casos."

Campanha

A Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Fehoesp) está começando uma campanha com informações sobre a doença para os mais de 56 mil serviços privados de saúde no Estado, entre hospitais, clínicas, casas de repouso e laboratórios. 

A entidade está encaminhando comunicados com alertas sobre os sintomas iniciais do sarampo, como febre, tosse e coriza, que aparecem antes da vermelhidão na pele, para que os casos sejam devidamente tratados antes que se espalhem.

Perguntas e respostas

1 - Como se pega o sarampo?

O sarampo uma doença viral e contagiosa. Segundo Filipe Piastrelli,

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infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o paciente adquire a doença por partículas respiratórias e nem sempre quem transmite está com sintomas. "O vírus pode entrar pela conjuntiva do olho ou pelas mucosas, começa a se multiplicar e chega à circulação sanguínea, quando atinge o maior potencial de transmissão."

2 - Quais são os sintomas?

O primeiro é a febre, que quase todos os pacientes têm. Depois de um ou dois dias, tem início um quadro com tosse, coriza e conjuntivite. Só depois aparecem as lesões na pele. "A incubação dura de sete a 21 dias, mas a pessoa começa a transmitir cinco dias antes de aparecerem os sintomas e continua transmitindo por cinco dias", explica o infectologista do Sabará Hospital Infantil Francisco Ivanildo de Oliveira Júnior.

3 - Como é feito o diagnóstico?

Por exames clínicos e laboratoriais.

4 - Se for confirmado que o paciente está com sarampo, ele deve ficar isolado?

Sim. Como é uma doença contagiosa, ele deve evitar o contato com outras pessoas e, caso receba visitas, elas devem usar máscaras.

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5 - A vacina é eficaz para evitar a doença? Em quanto tempo ela começa a fazer efeito?

"É uma vacina boa, com mais de 90% de eficácia. A proteção plena vai ocorrer de dez a 14 dias", diz Oliveira Júnior.

6 - Qualquer pessoa pode tomar a vacina?

Não. Assim como a vacina da febre amarela, ela é feita com vírus vivo atenuado. Ela não é recomendada para gestantes, bebês com menos de 1 ano e pacientes imunodeprimidos. "A primeira escolha é fazer a vacina, se a pessoa tem alguma contraindicação, faz a imunoglobulina, que tem anticorpos formados e reduze formas graves da doença", explica Piastrelli.

7 - Quantas doses devem ser tomadas? 

Tanto o Ministério da Saúde quanto a Organização Mundial da Saúde recomendam duas doses durante a vida. No Brasil, as doses são aplicadas com 12 e 15 meses de vida. Caso a pessoa só tenha tomado uma dose, deve tomar a segunda até os 29 anos. Se nunca tomou até essa idade, só será necessário tomar uma dose entre os 30 e os 49 anos.

8 - A pessoa deve tomar a vacina se perdeu a caderneta e não sabe se foi imunizada?

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Sim. As doses recomendadas devem ser tomadas pelo paciente.

9 - Pessoas que tiveram contato com pacientes infectados também são beneficiadas pela vacina?

Se tomada até 72 horas após o contato, a vacina é capaz de reduzir formas mais graves da doença. Mas as ações de bloqueio sempre devem ser realizadas.

Fontes: Filipe Piastrelli, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz; Francisco Ivanildo de Oliveira Júnior, gerente de qualidade e do serviço de controle de infecção hospitalar do Sabará Hospital Infantil; Ministério da Saúde; Organização Mundial da Saúde

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