Hospitais se recusam a receber testes para covid prestes a vencer

O Ministério da Saúde pretende doar exames RT-PCR prestes a vencer para hospitais filantrópicos brasileiros; Confederação das Santas Casas de Misericórdia, alertou as entidades sobre o risco de os estoques terminarem no lixo

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Por Mateus Vargas
Atualização:

BRASÍLIA - O Ministério da Saúde ainda pretende doar exames RT-PCR prestes a vencer para hospitais filantrópicos brasileiros. Mas diante da oferta da equipe do general Eduardo Pazuello, a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) alertou as entidades sobre o risco de os estoques terminarem no lixo.

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“São testes com prazo de validade até abril de 2021”, destacou ofício da confederação obtido pela reportagem. “Dessa forma, recomendamos às instituições que pleitearem a doação dos mesmos que o façam com responsabilidade, para que não passemos a concentrar em nós e nas nossas instituições a responsabilidade pelo vencimento dos testes.”

Em nota, a CMB confirma que muitos hospitais devem rejeitar a proposta. “Os testes são necessários e bem-vindos, mas infelizmente nem todos os hospitais possuem equipamentos compatíveis para atender as especificações técnicas de análise do material coletado e leitura dos resultados do teste PCR.”

Exames chegam a depósito de São Paulo no início da pandemia; de esperança, testes se tornaram problema Foto: Ministério da Saúde

A revelação de que o ministério estocava exames prestes a vencer, em plena pandemia, causou desgaste ao ministro Eduardo Pazuello. O caso é esquadrinhado por órgãos de controle e o ministro Benjamin Zymler, do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta irregularidades “preocupantes”. Outros ministros do TCU também criticaram a pasta.

Em novembro, Bruno Dantas disse que o caso é “crime de lesa-pátria”. “Trata-se de menosprezo com a saúde da população.” Como revelou o Estadão, a área técnica já alertava a gestão Pazuello desde maio de 2020 sobre o risco de os exames perderem a validade. E, quase um ano após a pandemia chegar ao Brasil, o Ministério da Saúde ainda negocia a compra de reagentes de extração de RNA. 

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