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Hospital de campanha de São Gonçalo é entregue com 50 dias de atraso

Prevista para operar com 200 leitos, a unidade está funcionando com apenas 20% de sua capacidade total

Foto do author Marcio Dolzan
Por Marcio Dolzan
Atualização:

RIO - Com quase 50 dias de atraso, o hospital de campanha de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, foi inaugurado na quinta-feira, 19 - ainda assim, com apenas 20% de sua capacidade total. A entrega da unidade foi marcada por idas e vindas, chegou a ser anunciada três vezes e teve até confusão envolvendo um deputado.

Prevista para operar com 200 leitos, sendo 80 de UTI, a unidade está funcionando com apenas 20 vagas de enfermaria e outras 20 de tratamento intensivo. Mesmo assim, o secretário estadual de Saúde, Fernando Ferry, exaltou a entrega. "Vários indicadores nos mostram que o contágio pela doença (covid-19) está em queda, mas é muito importante estarmos preparados para qualquer eventualidade. Este hospital será fundamental para a população de São Gonçalo e municípios vizinhos no suporte à vida. Estamos trabalhando para colocar todas as unidades em funcionamento", comentou.

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A unidade havia sido prometida para o final de abril, assim como outras seis anunciadas ainda em março pelo governo estadual. Apesar disso, somente três estavam em funcionamento até esta semana, sendo que duas foram construídas pela iniciativa privada.

Depois de vários adiamentos no cronograma de obras, a unidade de São Gonçalo chegou a ter cerimônia de inaguração marcada para 28 de maio, mas o evento foi cancelado horas antes. Na véspera, o deputado estadual Filippe Poubel (PSL), acompanhado de seguranças, se envolveu em uma confusão no local e um dos homens que o escoltavam teria sacado uma arma. Acusado de invasão, o parlamentar alegou em nota que foi fazer uma fiscalização e, aos berros, pediu auxílio à Polícia Militar.

Então responsável pela construção e operação do hospital de São Gonçalo, a Organização Social Iabas alegou que a confusão com o parlamentar e seus auxiliares acabou causando uma contaminação no piso, que precisaria ser higienizado. Mas ainda havia obras básicas de estrutura a serem entregues.

Hospital de Campanha de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Esse não foi o único problema envolvendo a obra. A construção de todas as unidades estaduais de campanha está envolta em uma série de indícios de irregularidades, que rendeu duas ações policiais até o momento, as operações Favorito e Placebo. Na última delas, a Polícia Federal bateu à porta do Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador Wilson Witzel, para cumprir mandados de busca e apreensão. Um subsecretário de Saúde foi preso, e o seu chefe imediato, Edmar Santos, exonerado duas vezes. As acusações envolvem o próprio chefe do executivo e a primeira-dama do Estado, Helena Witzel. Ambos alegam sem inocentes e acusam perseguição do governo de Jair Bolsonaro.

Por fim, o contrato com a Iabas foi rompido. A gestão do hospital de campanha de São Gonçalo, que receberá pacientes via sistema de regulação, ficará a cargo da Fundação Saúde.

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