Hospital do Anhembi tem fila de ambulâncias e recebe 159 pacientes em um dia

Prefeitura de São Paulo atribui aumento da demanda em hospital de campanha a mudança de protocolo de internação de pacientes com quadros menos graves

PUBLICIDADE

Foto do author Priscila Mengue
Por e Priscila Mengue
Atualização:

Um vídeo compartilhado nas redes sociais demonstra o aumento da demanda por internação durante a pandemia do novo coronavírus no hospital de campanha do Complexo do Anhembi, na zona norte da cidade de São Paulo. Ele mostra uma fila de cerca de 10 ambulâncias no aguardo de atendimento. A situação foi confirmada pela Secretaria Municipal da Saúde. Segundo a pasta, o procedimento de admissão leva de 5 a 10 minutos.

Hospital do Anhembi tem fila de ambulâncias e recebe 159 pacientes em um dia Foto: Tiago Queiroz/Estadão

PUBLICIDADE

“Ontem (sábado), um total de 159 pacientes, foram admitidos no Hospital Municipal de Campanha do Anhembi e em alguns momentos formou-se uma fila na área de internação”, explicou em nota. “O aumento do número de casos de covid-19 na cidade de São Paulo tem elevado a ocupação dos Hospitais Municipais de Campanha.”

Um dos motivos para o aumento da demanda foi a mudança de protocolo de internação no espaço, que passou a receber pacientes de casos menos graves para tentar diminuir a demanda por leitos de UTI. “A estratégia é adiantar o tratamento hospitalar para evitar o agravamento dos casos que levem os pacientes à necessidade de terapia intensiva.”

“Com o novo protocolo, os pacientes que procuram atendimento nasunidades de saúde com sintomas de coronavírus são medicados e orientados a permanecer em isolamento domiciliar. Caso os sintomas não apresentem melhora, o paciente é orientado a retornar à unidade após avaliação médica e pode ser encaminhado parainternação nos HMCamp (Hospital Municipal de Campanha)”, completa a nota.

O boletim mais recente da Prefeitura de São Paulo aponta que o Anhembi estava com 280 internações até as 15 horas de sábado, 25, e tinha a previsão de receber mais 64 transferências. O número é mais que o triplo do registrado no sábado anterior, dia 18, que apresentava 97 internações. 

O aumento é menor no hospital de campanha do estádio Pacaembu, que está com 122 leitos ocupados. No dia 18, eram 97 internações. O novo protocolo municipal prevê que o local receba prioritariamente pacientes da covid-19 que estejam em tratamento oncológico e, também, aqueles saídos da UTI e que ainda precisam de acompanhamento médico.

Os hospitais de campanha do Anhembi e do Pacaembu, na zona oeste, recebem apenas pacientes encaminhados de unidades da rede pública da cidade. Juntos, somam 2 mil leitos para casos suspeitos e confirmados do novo coronavírus.

Publicidade

Mais de 100 hospitais de campanha estão em funcionamento, planejamento e implantação em ao menos 19 Estados. Na capital paulista, a ocupação de leitos de UTI exclusivos para pacientes com confirmação ou suspeita da covid-19 é de 64%.

A internação precoce de pacientes suspeitos de terem covid-19 no hospital de campanha do Anhembi busca garantir a oxigenação do corpo dessas pessoas enquanto elas desenvolvem anticorpos contra o coronavírus. A Prefeitura quer receber mais pessoas no hospital, que tem vagas, de forma a evitar que, daqui alguns dias, elas precisem de um leito nas UTIs, que estão lotadas. Há expectativa de que o número de internações aumente.

“Estamos trabalhando assim desde o feriado (do dia 21)”. diz médico Luiz Carlos Zamarco, coordenador da Assistência Hospitalar da Prefeitura. “Antes, os hospitais de campanha estavam recebendo pacientes só de UPAs, pronto-socorros e hospitais. E os pacientes tinham de estar há 24 horas em observação antes de ir para o hospital de campanha.”

Tecnicamente, a mudança foi a inclusão das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) na lista de locais que encaminham pacientes para o Anhembi. “Se o paciente estiver no quarto dia de sintomas, já vai ter acesso a um tratamento precoce”, afirma Zamarco. “Antes, o paciente passava pela unidade básica e era orientado a voltar se os sintomas piorassem. O que estava acontecendo é que voltavam já em um estado de agravo. Não dava tempo de iniciar um tratamento precoce. Era preciso ir direto para a UTI.”

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

O tratamento precoce inclui uma medição constante da saturação do paciente e a oxigenoterapia. “Ele vai receber uma quantidade de oxigênio antes que o organismo dele entre em um estado de anóxia. Porque eles começam a anoxia das células. Com o tratamento, não vamos permitir que tenha uma lesão nessas células, ao menos de imediato”, afirma Zamarco.

A proposta é que, desta forma, o paciente ganha tempo para desenvolver anticorpos antes que a respiração seja inteiramente comprometida, levando o paciente para a UTI. “Se o paciente continua compensado, ganha tempo para o corpo montar suas defesas.” Todas as unidades de saúde foram notificadas sobre a mudança de protocolo no dia 17, segundo a secretaria.

O secretário da Saúde, Edson Aparecido, afirma que não há risco de contaminação para pessoas que eventualmente forem encaminhadas para a o Anhembi e, feito o exame, receberem resultado negativo. “Lá, como nós temos 1.800 leitos, podemos separar em alas. As pessoas confirmadas ficam em uma área distante da dos casos suspeitos”, afirmou. 

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.