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Hospital Sírio-Libanês vê alta de 23% nos casos de covid-19 e ocupação geral chega a 89%

Gerente do hospital diz que tendência ainda não é tratada como terceira onda. Momento é de observação do cenário antes da adoção de medidas, diz Felipe Duarte

Por Paula Felix
Atualização:

O número de casos de covid-19 voltou a aumentar após o período de flexibilização ao redor do Dia das Mães, algo que já preocupava especialistas. No Hospital Sírio-Libanês, o aumento nesta segunda-feira, 24, em relação ao último dia 17 foi de 23%, saltando de 141 casos para 174 em uma semana. A taxa de ocupação geral do hospital, que inclui casos que não são de infecção pelo vírus, passou de 75% para 89%.

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Gerente de Práticas Médicas do hospital, Felipe Duarte diz que há uma tendência de aumento de casos, mas o quadro ainda não está sendo tratado como a chegada da terceira onda.

"Hoje, a gente está com 174 pacientes internados com suspeita ou confirmação de covid-19 e é um número mais expressivo do que na semana anterior, mas ainda estamos inseguros de chamar de terceira onda, porque já passamos por variações de números de pacientes e isso pode não significar nada."

Taxa de ocupação geral na UTI do Hospital Sírio-Libanês chegou a 89% nesta semana Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Ele explica que o momento é de observação do cenário antes de tomar medidas, como converter leitos de enfermaria em UTI, por exemplo.

"Nossas unidades estão tentando absorver bem esses pacientes. Em um eventual aumento, pela tendência dos últimos dias, vamos mobilizar planos que já fizemos no passado e acolher esses pacientes e os sem suspeita de covid. Estamos em um momento mais de observar do que agir, mas a observação desperta pensamentos de planejamento, olhando o cenário de aumentar o número de leitos sem prejudicar o atendimento do outro lado (sem casos da doença)."

Diante dos primeiros registros da variante indiana no País, Duarte diz que, se ela se disseminar, os cuidados vão seguir a mesma linha do que foi feito com o vírus inicial e suas demais variantes, como a P.1.

"Como a gente está falando de um vírus com alta transmissibilidade, a seleção das variantes está relacionada com o poder de transmissão. Enquanto a vacinação não está em massa para garantir a redução da circulação do vírus, a P.1 ensina que devemos continuar respeitando o distanciamento social, uso de máscara e higiene das mãos. Esse tipo de medida que é eficaz, embora seja dura, porque estamos somando tempo e cansaço."

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O temor do aumento de número de casos é real, segundo Duarte, que afirma ainda que as grandes instituições estão em alerta, mantendo reuniões de gestão de leitos e monitoramento de casos. Mas ele diz que ainda não é possível apontar um motivo específico para a alta atual.

"A gente não baixou completamente a ocupação dos hospitais, diferentemente do que aconteceu no ano passado. Tem muito fator misturado. Não tem como saber se é só o relaxamento do Dia das Mães, se tem questão de variantes, se é porque a vacinação está aquém."

O perfil de pacientes críticos continua seguindo a tendência de queda das faixas etárias, ficando em torno dos 40 e 50 anos, até porque pessoas mais velhas já foram vacinadas.

Plano

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Apesar de a situação ainda não ser tratada como a terceira onda, o plano para esse quadro é discutido e sua execução vai depender da evolução de casos.

"Temos um plano e planejamento para um aumento de casos. A gente sabe lidar com uma pressão ainda maior, mas não gostaria de lançar mão de planos radicais. Em março e abril deste ano, houve redução de cirurgias eletivas. Mas é muito dinâmico. Sei quais unidades podemos converter e temos de trabalhar com a variável mais semelhante possível da realidade. Por isso que a gente se reúne de domingo a domingo." A suspensão do atendimento de pacientes sem covid, como ocorreu no início da pandemia, é algo que não está nos planos. "Esse é o plano extremo de uma catástrofe muito grande. Não é algo que está sendo planejado."

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